quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Crítica – Carrie: A Estranha

Refazer um antigo sucesso é complicado. De um lado é preciso manter aquilo que tornou o filme original tão bem sucedido, por outro, torna-se necessário agregar novos elementos e abordagens, não apenas para situar a história em novos tempos, mas para trazer algo que justifique estar refazendo determinado filme, afinal se for pra ver a mesma coisa, melhor ficar em casa e assistir o original. Este novo Carrie: A Estranha, que refaz o icônico filme homônimo de 1976 dirigido por Brian De Palma (que, por sua vez era uma adaptação da obra literária de Stephen King), padece exatamente deste problema ao ser quase um fac-símile do filme do De Palma.
A trama é centrada em Carrie (Chloe Moretz) uma tímida e retraída adolescente de dezessete anos que descobre ter poderes telecinéticos. Sofrendo com a repressão de mãe (Julianne Moore) e a zombaria de suas colegas, ela se vê cada vez mais levada ao limite e a uma reação violenta.
O desenvolvimento da narrativa é bem similar à obra estrelada por Sissy Spacek e repete todos os momentos-chave do filme de 1976 sem grande novidade. Não chega a ser exatamente uma repetição completamente aborrecida, já que o filme é bastante competente em construir o clima de tensão crescente conforme vemos os planos das estudantes para humilhar Carrie enquanto a garota desenvolve cada vez mais seus poderes e mesmo eu conhecendo o original, fiquei apreensivo pelo que aconteceria quando a jovem sofresse uma humilhação que passaria dos limites.

Temos também um trabalho bastante competente de Chloe Moretz em estabelecer a personalidade frágil e insegura de Carrie, com sua fala trêmula e vacilante, postura curvada e cabeça constantemente baixa. Julianne Moore, por sua vez, está incrivelmente assustadora como a mãe da garota, uma mulher claramente delirante e desequilibrada que usa a religião de forma repressora e violenta para tentar manter a filha sob controle, recorrendo a castigos físicos e autoflagelação. O trabalho de Moore compensa pelo fraco desempenho da outra antagonista, a adolescente Chris (Portia Doubleday). Se inicialmente ela convence com sua construção de uma patricinha cruel e dissimulada, conforme o filme avança ela se entrega a trejeitos e dicção cada vez mais exagerados, transformando a garota em uma caricatura de psicopata.
Entretanto, o principal problema é que é difícil não ser tomado pela sensação de estar assistindo a algo tão igual ao original que o remake acaba não trazendo nenhum elemento que o faça se sustentar por si só. Algumas passagens, como o clímax, se beneficiam da evolução dos efeitos visuais, soando mais críveis, brutais e chocantes, mas é muito pouco para atrair qualquer um que tenha visto a obra de 1976.
Assim sendo, este novo Carrie: A Estranha pode ser uma maneira competente de fazer as novas gerações conhecerem esta interessante metáfora sobre a inadequação da adolescência e a necessidade de auto-afirmação dos jovens. No entanto, o filme acaba soando como uma oportunidade desperdiçada ao apenas repetir aquilo que já foi feito por Brian De Palma, sem arriscar fazer algo diferente com a história e suas personagens. O filme pode ser interessante para um público mais novo, mas aqueles que conhecem a fita estrelada por Sissy Spacek terão poucas razões para assisti-lo.
Nota: 5/10

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