quarta-feira, 27 de maio de 2015

Crítica - Terremoto: A Falha de San Andreas

Análise Crítica - Terremoto: A Falha de San Andreas

Review - Terremoto: A Falha de San AndreasFilmes catástrofe são normalmente mais focados na criação do espetáculo destrutivo do que em elaborar uma narrativa envolvente ou personagens interessantes. Ninguém entra para assistir um filme como este Terremoto: A Falha de San Andreas esperando um drama shakespeariano, sabemos que a história e os personagens não vão ser grande coisa, mas esperamos um mínimo de coesão e empatia. Lamentavelmente este filme se prende tanto à fórmula do gênero que acaba prejudicado por ela.

A história nos faz acompanhar Ray (Dwayne "The Rock" Johnson), chefe do grupo de resgate dos bombeiros da cidade de Los Angeles. No dia em ele tinha prometido dirigir com sua filha, Blake (Alexandra Daddario), até a faculdade, mas um enorme quando um enorme terremoto destrói a represa Hoover, ele precisa deixá-la com o padrasto, Daniel (Ioan Gruffudd). No entanto, o geólogo Lawrence (Paul Giamatti) e a jornalista Serena (Archie Panjabi) avisa que aquele pode ser o início de um enorme terremoto que provavelmente irá arrasar a Califórnia, deixado em perigo a filha e a ex-esposa (Carla Gugino) de Ray.

O fluxo da trama lembra um pouco o de O Dia Depois de Amanhã (2004) com um pai correndo para salvar um filho preso em uma zona de desastre, ao mesmo tempo que acompanhamos um cientista que tenta entender o que acontece, dando um incômodo sentimento de deja vu ao filme. Não ajuda também que os personagens sejam completamente unidimensionais, do herói com um trauma no passado ao ricaço covarde e tudo isso deixa claro desde o início a resolução dos dramas familiares, quem irá morrer e quem irá viver, bem como quais casais se formarão ao fim, o que acaba tirando um pouco a tensão e a incerteza das cenas de ação.

The Rock traz seu carisma habitual (algo que já tinha mencionado ao falar de Velozes e Furiosos 7) para o personagem, usando seu overacting a seu favor e fazendo sua canastrice soar divertida conforme ele desfere frases de efeito e poses heróicas. O problema é que ele é limitado pelo roteiro que o deixa tempo demais longe da ação, passando boa parte da primeira hora do filme pilotando um helicóptero.

Outra questão é o modo como o personagem é tratado pelo roteiro, já que inicialmente ele é mostrado como um líder preocupado com o bem-estar de sua equipe e daqueles que resgata, disposto a tudo para trazer todos de volta com vida. Porém depois que o caos se instaura não o vemos mais mencionar seu trabalho, companheiros ou sequer atender qualquer chamado de emergência, partindo diretamente para salvar a filha e a ex-esposa, basicamente o líder da equipe de resgate abandona o posto em meio a uma calamidade pública sem avisar ninguém e usa recurso da corporação em benefício próprio, atitude cujo "heroísmo" é questionável e certamente renderia uma exoneração desonrosa a ele. O problema nem é a ação do personagem em si, mas o fato de nada disso jamais repercutir no filme, sendo sumariamente ignorado.

Já a bela Alexandra Daddario ganha pontos ao evitar que Blake seja uma mera mocinha em perigo, apresentando-se como uma garota engenhosa e cheia de recursos enquanto ajuda uma dupla de irmãos ao sobreviver à catástrofe. Uma pena, no entanto, que todo o resto do elenco seja desperdiçado em personagens vazios e atores talentosos como Paul Giamatti e Archie Panjabi  (a Kalinda de The Good Wife) em papéis meramente expositivos.

O que o filme faz de melhor são as cenas de destruição e o impacto colossal de um poderoso terremoto sobre uma grande metrópole. As cenas de ação são bem interessantes e os efeitos especiais conseguem nos convencer de tudo aquilo, o destaque fica pela cena em que Ray enfrenta um tsunami em um pequeno barco enquanto desvia dos escombros e embarcações carregados pela gigantesca onda. Além disso, acerta ao mostrar as pessoas atingidas pela destruição, levando a câmera aos rostos dos anônimos na rua, deixando claras as consequências de tudo aquilo para as pessoas, ao invés de apenas colocar um monte de bonecos digitais sendo eliminados à distância.

Deste modo, Terremoto: A Falha de San Andreas consegue criar um interessante espetáculo de destruição, mas peca por aderir excessivamente às fórmulas do gênero, nos deixando com a incômoda sensação de que já vimos tudo isso antes.


Nota: 5/10

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