quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Crítica - Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário



Quando foi anunciado que esta animação em computação gráfica que celebraria os 40 anos de carreira do Masami Kurumada converteria em longa-metragem todo o arco do Santuário do anime, a desconfiança tomou os fãs. Afinal a saga do Santuário é uma das mais longas da animação, tomando cerca de oitenta episódios, transformar tudo isso em um filme de 100 minutos, mantendo o espírito da história e sendo fiel aos personagens parecia quase impossível. Felizmente o esforço, consegue sim ser digno do legado dos Cavaleiros do Zodíaco.

Na trama, a jovem Saori Kido é a reencarnação da deusa grega Athena, encarregada de proteger a Terra das forças do mal com a ajuda de guerreiros poderosos chamados cavaleiros do zodíaco. Quando o Mestre do Santuário a toma por impostora, apenas o jovem Seiya e mais alguns jovens cavaleiros ficam ao seu lado para protegê-la. Juntos precisarão atravessar os perigos do Santuário para deter o Grande Mestre.


O filme chama atenção pela sua qualidade visual e o detalhamento das armaduras. O design dos trajes sofreu alterações para dar lugar a uma interpretação mais realista de como as armaduras deveriam parecer e o resultado é bem satisfatório pelo alto nível de detalhamento e da riqueza das texturas dos diferentes materiais. O visual dos personagens também é muito bem cuidado e eles são bastante expressivos. Já que falei em personagens, devo dizer que o filme acerta na caracterização de Seiya e seus amigos, mantendo-se fiel às suas personalidades e trabalhando bem as interações entre eles, principalmente nos momentos de humor. As cenas de ação funcionam bem, algumas reeditando certos momentos da animação original, outras reconstruindo lutas de modo totalmente novo, mas todas são bastante enérgicas e empolgantes.

O roteiro consegue condensar bem a trama do seriado e boa parte das alterações contribui para dar mais fluidez e dinamismo à história, mas ainda assim tem seus problemas. O terço inicial do filme tem um ritmo bem arrastado e excessivamente expositivo, já que o filme precisa explicar rapidamente toda a mitologia deste universo em poucos minutos de modo a situar o expectador. O tratamento dado ao Máscara da Morte é uma escolha questionável, já que alivia demais a vilania, crueldade e sadismo do personagem ao transformar as cabeças que adornam sua casa num número musical que parece saído de A Noiva Cadáver (2005). 

Outro problema são algumas escolhas feitas no clímax da história, em especial a decisão de fazer Saga assumir uma forma que parece um design rejeitado para algum chefão final de algum Final Fantasy (vocês saberão quando virem) ou colocar os cavaleiros de ouro para enfrentar uma estátua genérica. Claro, eles precisariam ficar ocupados para manter o foco da batalha final nos cavaleiros de bronze que protagonizam a história, mas poderiam colocá-los para lutar contra alguma criatura mitológica, ou algum deus ou semideus grego revivido por Saga, qualquer coisa seria melhor do que uma mera estátua de pedra.

Apesar dos problemas, este Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário é uma homenagem digna ao legado de Masami Kurumada, embora deva agradar mais aos fãs do que aos não iniciados neste universo.


Nota: 5/10

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