quarta-feira, 24 de junho de 2009

Os Boêmios Analisam - Transformers: A Vingança dos Derrotados


Existe uma máxima no cinema que diz "menos é mais", obviamente existem excessões como Kill Bill ou Sin City onde exageros servem para compor ou dar o tom da obra, mas em geral acabam tornado os filmes tediosos. Michael Bay parece desconhecer essa máxima ou, pelo menos, a ignora.

Este Transformers: A Vingança dos Derrotados traz todas características da aventura anterior(que eu gostei bastante) e do modo filmar do diretor repetidas à exaustão durante as mais de duas horas e quarenta minutos do filme. Vemos uma profusão de giros de câmera ao redor dos personagens, ângulos baixos, slow-motions, planos na contra-luz, equipamentos militares, mulheres gostosas e, claro, o que há de mais marcante na filmografia de Michael Bay: explosões. Todos esses recursos são utilizados repetidamente pelo cineasta e, como já tinha dito na análise de Anjos e Demônios, excessos acabam por tornar o filme tedioso.

O filme é basicamente mais do mesmo, muito mais do mesmo para dizer a verdade, se no primeiro Transformers tinhamos cerca de 16 robôs, neste temos a impressionante marca de 45. Cada um deles com uma movimentação bastante fluida e realista e que parecem mesmo reais, a evolução tecnológica em relação à película anterior é bastante visível e se o primeiro perdeu o Oscar para o (inferior em termos de efeitos especiais) A Bússola Dourada, este deve, pelo menos, ter sua indicação garantida.

Novamente acompanhamos Sam Witwicky buscando algum artefato para os transformers na tentativa de que ele seja usado pelos Decepticons, os robôs malignos. A história começa bastante empolgante quando uma força militar aliada aos Autobots enfrenta um transformer gigantesco em Xangai. Deste ponto até uma surpreendente luta na floresta o filme até que flui bem e tive a impressão de estar assistindo a um "Império Contra-Ataca" dos Transformers, mas ao chegar em seu terceiro ato no Egito(e talvez até antes disso), o filme se alonga demais e somos obrigados a ver por minutos a fio mais piadinhas seguidas de explosões e tomadas de veículos militares que beiram o fetichismo, sendo que nenhuma dessas é realmente empolgante ou contribui para o real andamento da trama.

O desfecho também é decepcionante o tão alardeado Devastator, um construticon (transformer formado por outros transformers), aparece para não fazer nada, sendo destruído pouco tempo depois. O todo-poderoso vilão Fallen, que deveria ser um deus robótico, apesar de toda a expectativa gerada pelo roteiro, também é eliminado sem demora.

No quesito de atuações(se é que isso existe num filme de Michael Bay), devo dizer que o costumeiramente carismático Shia LaBeouf não tem muito o que fazer como Sam, já que seu personagem aparece menos do que no filme anterior e tem menos ainda situações que se valem do timing cômico do ator( como na cena com seus pais no início). Na verdade, boa parte das tentativas de humor são sofríveis como os gêmeos Autobots, cuja presença é bastante aborrecida, e do colega de quarto de Sam. Salvam-se apenas John Turturro, aparentemente se divertindo à beça, como o (ex)agente Simmons e um momento em que um pequeno Decepticon fica encoxando a Megan Fox como um cão no cio.

Fox, por sinal, permanece bela e também permanece sem a mínima capacidade de atuar (embora saibamos que isso não seja necessário para que ela desempenhe seu papel no filme, mas tenho de citar isso) se limitando a aparecer com pouca roupa e fazendo caretas sexy. Por sua vez, Josh Duhamel e Tyrese Gibson continuam sem dizer a que vieram, não servindo para absolutamente nada e não exibindo nenhum carisma ou personalidade.

Transformers: A Vingança dos Derrotados é um filme que se beneficiaria de uma metragem menor e mais ágil e por uma direção com menos vícios do que a de Michael Bay. Talvez fosse o caso de num provável terceiro filme o produtor Steven Spielberg assumisse a direção, a mudança de ares certamente beneficiaria o filme e os espectadores também.

Nota: 3

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