O XII Panorama Internacional Coisa de Cinema terminou nesta quarta-feira, 16 de novembro. Além da sessão de encerramento com a exibição do documentário A Luta do Século, de Sérgio Machado, que acompanha a história de rivalidade dos boxeadores Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro, houve também a entrega dos prêmios aos filmes que participavam das diferentes mostras competitivas. O maior premiado da noite foi o documentário Jonas e o Circo Sem Lona que recebeu três prêmios mesmo ser levar a premiação do Júri Oficial. Confiram abaixo a lista de vencedores.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Vencedores do XII Panorama Internacional Coisa de Cinema
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Crítica - Jonas e o Circo Sem Lona
Durante a infância quem nunca se
imaginou sendo um astronauta, caubói ou um trapezista de circo? Quem, quando
criança, nunca imaginou poder viver uma vida aventurosa e sem grandes
preocupações fazendo apenas o que gosta? O documentário Jonas e o Circo Sem Lona nos leva a um personagem que pensa
exatamente assim, o garoto Jonas, que tem o sonho de ser um artista de circo e
até monta um circo improvisado no quintal de sua mãe com a ajuda de amigos de
escola.
Jonas é um garoto que mora na
região metropolitana de Salvador, sua mãe e sua avó foram artistas de circo e
um tio seu é dono de um e viaja o país fazendo espetáculos. O jovem também
deseja se juntar ao circo, mas sua mãe, preocupada com seu futuro, quer ele na escola,
mas permite que o garoto monte um circo no quintal e faça espetáculos ao lado
de amigos em suas horas vagas.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Crítica - Animais Fantásticos e Onde Habitam

A trama se passa nos anos de 1920
e leva o bruxo Newt Scamander (Eddie Redmayne) para Nova Iorque quando seus
animais fogem e ele precisa correr pela cidade para encontrá-los e guardá-los
em sua maleta. É também a história do auror Percival Graves (Colin Farell) que
trabalha para a versão estadunidense do Ministério da Magia e investiga uma
família de pessoas não mágicas que odeia o universo da magia.
De cara chama atenção o contraste
entre as duas tramas principais do filme. De um lado temos Newt e seus amigos
em uma aventura leve e pueril em busca de seres fantásticos, de outro uma trama
sombria com morte, traumas, violência infantil e infâncias despedaçadas. Os
filmes de Harry Potter sempre souberam equilibrar leveza e seriedade, mas lá
eram os mesmos protagonistas que passavam por entre essas duas situações e tudo
parecia orgânico. Aqui, com duas tramas em tons opostos correndo em paralelo e
demorando para se encontrarem, fica a sensação de que pegaram ideias para dois
filmes distintos e colocaram juntas para tentar preencher a minutagem
necessária para um longa metragem. É esquisito e contrastante ver o Newt fazendo uma divertida dança de acasalamento para capturar uma criatura e logo em seguida vermos Credence (Ezra Miller) sofrer uma brutal violência psicológica.

terça-feira, 15 de novembro de 2016
Crítica - Um Estado de Liberdade

A trama segue a história real de
Newt Knight (Matthew McConaughey) um soldado do sul que resolve desertar depois
de presenciar inúmeras mortes e se dar conta de que estão lutando apenas para
que os ricos fazendeiros donos de escravos possam manter seus privilégios.
Voltando à sua cidade natal, Newt percebe como a população é constantemente
oprimida e saqueada pelos militares, que cobram abusivos "impostos de
guerra". Cansado da exploração, ele decide resistir aos militares e acaba
criando uma comunidade dentro dos pântanos composta por outros cidadãos
descontentes e escravos fugidos.
Um dos principais problemas do
filme é o ritmo. A trama demora a engrenar e se perde em vários segmentos
episódicos de Newt ajudando pequenos camponeses. Só com quase uma hora de
projeção é que finalmente se desenha o conflito principal que é a formação de
sua "comunidade alternativa". A partir daí imaginei que a narrativa
finalmente tomaria corpo, mas estava enganado, ela se torna ainda mais fragmentada
e episódica. A cada uma ou duas cenas há um salto de anos (o filme inteiro se
passa ao longo de uns quinze anos) sem que haja a devida contextualização para
situar o espectador no que aconteceu nesse tempo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Crítica - Sob Pressão
Tenho que admitir que não tive
muitas expectativas quando entrei para assistir a este Sob Pressão, já que parecia não ter muito a acrescentar ao
subgênero do drama médico, tão vigorosamente explorado por séries de televisão
estadunidenses, além de situá-lo no contexto brasileiro, em especial o de
comunidades periféricas. A verdade é que embora não chegue a ser inovador, o
filme funciona bem graças a sua habilidade em manejar a tensão e seu grupo de
personagens que constantemente se encontra diante de dilemas e escolhas
dificílimas.
O filme segue o médico Evandro
(Júlio Andrade), chefe da unidade de cirurgia de um hospital situado em um
morro carioca. Evandro está a mais de um dia trabalhando sem parar e quando
pensa que terá algum momento de descanso, ambulâncias chegam ao hospital
trazendo um policial e um traficante feridos em um recente tiroteio. Além de
ser pressionado pela polícia para cuidar primeiro do policial, embora seu
estado seja menos grave que o do traficante, ele também precisa lidar com
outros feridos que chegam ao hospital e tomar decisões em relação ao uso dos
recursos limitados (materiais e humanos) que tem ao seu dispor.
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Crítica - Gente Bonita
Apesar de ser constantemente
tratado como uma festa de rua, nos últimos anos o carnaval de Salvador viu
crescer cada vez mais o número e o tamanho dos camarotes privados, que
comportam cada vez mais pessoas. Este Gente
Bonita tenta justamente compreender a lógica desses espaços e de seus
frequentadores.
O filme é todo
filmado em pau de selfie e pelos
próprios personagens, que de antemão já sabiam que suas imagens iriam parar
neste documentário. Como muito da visão do diretor é impressa através da
montagem, o documentário assume um risco já na seleção de seus personagens, já
que se eles não rendessem haveria pouco a ser mostrado. Felizmente a maioria
dos sujeitos filmados trazem momentos que de fato servem para levantar as discussões
que o filme se propõe, sendo o grupo de três amigas o único que não
"rende" muito material interessante (talvez fosse melhor deixá-las de
fora do corte final).
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domingo, 13 de novembro de 2016
Crítica - A Cidade Onde Envelheço

Teresa (Elizabete Francisca
Santos) é uma jovem portuguesa que decide vir para o Brasil e vai morar com a
amiga, também portuguesa, Francisca (Francisca Manuel) em Belo Horizonte.
Francisca tem receio em abrigá-la por apreciar morar sozinha, mas os modos
expansivos e cheios de energia da amiga a contagiam e elas formam um laço conforme
tentam desenvolver suas relações de pertencimento (ou não) com aquela cidade.
Chama a atenção o naturalismo do
filme e a impressão de que não estamos vendo personagens ou situações
encenadas, mas pessoas reais, errantes pela vida, e seu cotidiano. Não nos
sentimos espectadores, mas colegas de quarto de Teresa e Francisca vivenciando
suas experiências ao lado delas. Uma sensação que remete aos trabalhos do
também mineiro André Novais e o seu Ela
Volta na Quinta (2014).
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sábado, 12 de novembro de 2016
Crítica - A História Real de um Assassino Falso
"Porque continuo insistindo
nisso?". Essa foi a pergunta que constantemente pulava em minha mente
conforme avançava assistindo a este A
História Real de um Assassino Falso. Uma comédia de ação produzida pela
Netflix tão rasa e preguiçosa que o prospecto de simplesmente deixar de
assistir era altamente sedutor.
O filme acompanha Sam (Kevin
James), um homem infeliz com sua vida que encontra uma medida de alegria ao
tentar escrever um livro de ação e espionagem. Ele usa seu alter-ego literário
para projetar suas frustrações e se reimagina como um herói de ação infalível.
Seu livro, no entanto, é constantemente rejeitado e a única pessoa disposta a
publicá-lo é uma maluca editora de livros digitais. Sem alternativas, Sam
aceita, mas a editora resolve tratar seu livro como uma autobiografia para
alavancar as vendas. Obviamente, muitas pessoas acham que ele é um assassino
real e a partir daí, Sam entra em muitas confusões.
Kevin James faz o mesmo tipo de
idiota atrapalhado que faz em todos os seus filmes. Boa parte das piadas são gags óbvias que parecem escritas por
aquele seu tio que sempre conta as mesmas piadas nos almoços de domingo, mas se
acha um exímio comediante. Os poucos momentos engraçados são os que estão no trailer e mesmo suas tentativas em
brincar com os clichês dos filmes de ação passam longe da sagacidade ou do nonsense de comédias bem mais divertidas
como Chumbo Grosso (2007) ou Segurando as Pontas (2008).

sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Crítica - Cinema Novo
O movimento do Cinema Novo foi um dos mais importantes para o cinema brasileiro e é referência de nossa cinematografia tanto nacional quanto internacionalmente. Seus produtos até hoje continuam a impactar a produção nacional, assim como os valores defendidos por muitos cineastas que participavam do movimento ou eram contemporâneos a estes. Este Cinema Novo de Eryk Rocha tenta entender o espírito, a visão e as referências que guiavam os cineastas do período usando áudios e imagens de arquivo com falas desses realizadores, bem como as imagens e sons dos próprios filmes realizados por eles.
Seria muito fácil produzir um
documentário com um caráter mais histórico e didático, com especialistas,
historiadores e críticos falando sobre o que foi o Cinema Novo, quem fez e qual
sua importância, mas esse não é o foco de Rocha aqui. Ele se importa mais com a
potência estética e ideológica do movimento do que em uma narrativa histórica,
daí sua escolha por algo narrado em, digamos, primeira pessoa, ou seja, da boca
dos próprios cineastas do período como Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira
dos Santos, Leon Hirszman e, claro Glauber Rocha, pai de Eryk. A escolha por
esses depoimentos também facilita nossa aproximação com esses cineastas e evita
um relato mais distanciado, mistificado ou mesmo demasiadamente reverente a
eles, deixando que eles se apresentem a nós com suas ideias e contradições.
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quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Crítica - Martírio
Depois de denunciar o massacre às
populações indígenas de Rondônia em Corumbiara
(2014), o indigenista Vincent Carelli trata neste Martírio da situação dos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul, que
ganharam o noticiário nacional depois de publicarem uma carta aberta falando que
só deixariam suas terras depois de mortos. Assim como em seu filme anterior, Martírio mostra como o Estado, com o
apoio de determinados setores da população, sistematicamente marginaliza e
contribui para o extermínio dessas populações. Se visto ao lado de Corumbiara, mostra como isso é algo que
atinge praticamente todas as populações indígenas do país.
O filme vai didaticamente
mostrando como a questão dos Guarani-Kaiowá vem desde o fim da Guerra do
Paraguai, quando suas terras foram anexadas ao Brasil e tratadas pelo Estado
brasileiro como devolutas (ao invés de território indígena), sendo passada a
pessoas de posses para a atividade agrícola. A partir daí, os indígenas se
tornaram uma espécie de "inconveniente", sendo jogados de um lado
para o outro em acampamentos que ficavam distantes de sua terra de origem
enquanto o governo tentava "civilizá-los".
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