segunda-feira, 30 de maio de 2022

Crítica – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 1)

 

Análise Crítica – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 1)

Review – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 1)
Quando escrevi sobre a terceira temporada de Stranger Things mencionei como ela transmitia uma sensação agridoce de “fim de infância”. Essa quarta temporada, que estreia longos três anos depois do lançamento do terceiro ano, tenta levar os personagens adiante, colocando-os para enfrentar os problemas da maturidade ao mesmo tempo em que são confrontados por questões do passado.

Na trama, a cidade de Hawkins é mais uma vez o ponto focal de ocorrências estranhas quando adolescentes começam a morrer de maneiras violentas e sobrenaturais. Inicialmente todos suspeitam do líder do clube de RPG da escola. Dustin (Gaten Matarazzo) e os demais, no entanto, suspeitam que seja algo fruto de alguma entidade do Mundo Invertido e decidem investigar. Ao mesmo tempo, Mike (Finn Wolfhard) viaja para a Califórnia para encontrar Onze (Millie Bobby Brown) e Will (Noah Schnapp) que agora moram lá. A mãe de Will, Joyce (Winona Ryder), tem sua própria missão ao descobrir que Hopper (David Harbour) pode estar vivo e parte para tentar libertá-lo de uma prisão soviética.

De cara impressiona a quantidade de tramas que a série precisa gerenciar simultaneamente. Seria fácil se perder em meio a tantas narrativas ou que os episódios soassem arrastados e sem desenvolvimentos significativos, porém os episódios conseguem manter todas as tramas andando e sempre trazer desenvolvimentos significativos. Enquanto muitas séries com episódios longos sofrem para manter o ritmo, a quarta temporada de Stranger Things mostra como é possível dar a impressão de que a trama está sempre em movimento.

A temporada também é esperta em explorar novas interações entre personagens ao mesmo tempo em que explora outras novas. Se a dinâmica entre Dustin, Steve (Joe Keery) e Robin (Maya Hawke) já tinha sido bem estabelecida antes e continua a funcionar muito bem, a trama encontra novos elementos para explorar ao enviar Robin sozinha em uma missão com Nancy (Natalia Dyer). Do mesmo modo, Mike e Will, cujo afastamento já tinha sido abordado antes, são colocados para interagir com a namorada de Dustin e o amigo maconheiro de Jonathan (Charlie Heaton).

Falando em drogas, a temporada também capta muito bem o clima de pânico moral que tomou os Estados Unidos na década de 1980 por conta dos RPGs de mesa como Dungeons & Dragons. Com os assassinatos misteriosos em Hawkins, o grupo de atletas do colégio imediatamente começa a culpar o presidente do clube de RPG, citando inúmeras reportagens que dão conta de que D&D introduzia os jovens a práticas satanistas. Era uma paranoia bem real que aconteceu no período retratado e que a série explora bem para mostrar como apelar para o medo das pessoas pode levar a resultados horríveis.

Os personagens também são confrontados com as perspectivas (ou falta delas) para o futuro. Onze, por exemplo, precisa redescobrir a própria identidade em um lugar longe de Mike ou de seus poderes. Charlie aos poucos se dá conta de que seus objetivos para o futuro talvez não sejam os mesmos de Nancy. Steve começa a perceber que sua azaração irresponsável não lhe faz feliz enquanto Robin percebe que é impossível se conectar com outra garota continuando no armário.

Essa também é provavelmente a temporada que mais investe em um clima de terror. Com o vilão Vecna invadindo as mentes dos jovens de Hawkins remetendo a filmes como A Hora do Pesadelo ou Hellraiser. Talvez por expor mais suas motivações e se colocar no centro da ação, Vecna consegue ser uma presença mais assustadora e que dá um maior clima de urgência do que criaturas de temporadas anteriores como o Demogorgon ou o Devorador de Mentes.

Com um desfecho que coloca Onze para finalmente entender o próprio passado, além de trazer surpreendentes reviravoltas, o desfecho desse primeiro volume da quarta temporada de Stranger Things deixa uma grande expectativa para o que virá a seguir. Mesmo sem conhecermos plenamente como tudo vai se encerrar na temporada, ainda assim esse quarto ano consegue criar desenvolvimentos significativos para os personagens e uma eficiente atmosfera de tensão.


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