terça-feira, 27 de julho de 2021

Crítica – O Homem Água

Análise Crítica – O Homem Água

Review – O Homem Água
Estreia do ator David Oyelowo como diretor, este O Homem Água remete a aventuras juvenis oitentistas como Conta Comigo (1986) ou Os Goonies (1985) acompanhando jovens protagonistas em uma jornada em que aprenderão sobre as agruras da vida e sairão amadurecidos. Não reinventa a roda, mas é sincero o bastante para funcionar.

A trama é protagonizada pelo jovem Gunner (Lonnie Chavis), um garoto criativo e cheio de imaginação, mas que tem uma relação difícil com o pai, Amos (David Oyelowo). Quando a mãe de Gunner, Mary (Rosario Dawson), descobre que tem câncer e começa a piorar por conta da doença, o garoto se recusa a aceitar que pode perder a mãe. Gunner então lembra da lenda local do Homem Água, um espírito que mora na floresta e seria capaz de trazer os mortos de volta. Assim, acompanhado de Jo (Amiah Miller), uma garota que supostamente viu a criatura, Gunner vai tentar achar um meio de impedir a morte da mãe.

É relativamente previsível, com as principais reviravoltas sendo facílimas de antecipar (é óbvio que Jo estava mentindo sobre a origem de sua cicatriz no pescoço, é evidente que o elemento sobrenatural não é exatamente real, etc) para qualquer um familiar com esse tipo de filme. Apesar disso, há sentimento e personalidade para conseguir nos manter interessados na jornada de Gunner.

O jovem Lonnie Chavis traz uma ingenuidade e espírito sonhador encantadores a Gunner. Quando a crise principal se instala, o garoto dá uma dor e um desespero perceptíveis ao seu personagem, que é movido não apenas pelo amor à mãe como também pelo medo em perdê-la e o desejo de provar o próprio valor ao pai. O laço de amizade que se constrói entre ele e Jo também é dotado de um afeto tão sincero que é difícil não se importar com os dois.

É essa construção afetiva que dá força para a catarse final e permite enquadrar de maneira acessível a dura compreensão de que Gunner adquire sobre a inevitável finitude da vida e como é justamente essa finitude que dá significado às relações que forjamos ao longo da vida. Seria fácil suavizar demais essas ideias em um filme para um público infanto-juvenil, mas aqui elas atingem a dureza necessária sem, no entanto, soarem demasiadamente sóbrias, deixando um espírito de carpe diem no público.

Se o arco do protagonista é bem construído, os demais personagens não tem a mesma sorte. Toda a questão da violência física que Jo sofre nas mãos do pai é tratada de forma muito rápida para ter o impacto que deveria, por exemplo. O bom elenco coadjuvante, como Alfred Molina ou Maria Bello, é subaproveitado em papéis que são meramente expositivos. É uma pena, principalmente o isolado pesquisador interpretado por Molina que poderia ser usado como uma advertência do que Gunner poderia ser caso o garoto continuasse a se recusar a inevitabilidade da perda ou talvez Gunner poderia dar ao pesquisador algum tipo de redenção.

Mesmo sendo relativamente previsível, O Homem Água tem afeto e personalidade o suficiente para tornar envolvente a jornada de amadurecimento de seu protagonista.

 

Nota: 6/10

Trailer

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