quarta-feira, 17 de junho de 2020

Crítica - Downhill


Análise Crítica - Downhill

Review - DownhillO filme sueco Força Maior (2014) foi uma das melhores produções do ano em que foi lançado, vencendo prêmios no Festival de Cannes e sendo indicado a outras premiações internacionais como o Globo de Ouro. Como é comum acontecer, ele ganhou um remake hollywoodiano neste Downhill que, como a maioria dos remakes hollywoodianos de filmes internacionais premiados, parece não ter muito a dizer ou acrescentar ao que o original já fez.

Na trama, o casal Pete (Will Ferrell) e Billie (Julia Louis-Dreyfus) está passando férias nos alpes suíços com os filhos. Quando uma das áreas externas do resort é atingida por uma pequena avalanche e Pete corre sozinho, abandonando Billie e os filhos no local, isso muda completamente a dinâmica da família.

A ideia aqui, tal como no original, é ser uma comédia ácida sobre a natureza individualista do ser humano. Tratar de como rapidamente nos despimos de nosso viés de civilidade e humanismo quando as coisas apertam e passamos a nos preocupar apenas consigo mesmos. Algumas cenas chave do original estão presentes aqui de maneira bem semelhante, em especial a cena em que Pete e Billie revelam o que aconteceu no momento da avalanche para um casal de amigos e tudo explode uma discussão absurda em que Pete tenta racionalizar as próprias ações justificando que não fez nada errado.

O problema, no entanto, é que tirando um ou outro momento em que o texto do filme é mais incisivo no tratamento dos seus temas, em geral falta acidez e ironia em boa parte da projeção e com isso muito do impacto se perde. A narrativa também investe em alguns personagens que destoam do resto, como a anfitriã vivida por Miranda Otto que muitas vezes descamba para a caricatura e é limitada a piadas batidas sobre como os europeus são sexualmente liberados enquanto os estadunidenses são reprimidos.

Will Ferrell e Julia Louis-Dreyfus convencem como um casal que está junto há anos e deixou a rotina tomar conta. Ferrell, especificamente, é ótimo como um sujeito babaca e narcisista que posa de bom pai de família, mas todas as decisões que toma visam apenas seus próprios interesses e desejos. Já Louis-Dreyfus faz de Billie uma mulher que cansou de se anular em prol da harmonia familiar e encontra na atitude de Pete a desculpa perfeita para poder agir como bem entende. Ambos tinham potencial de ir muito mais fundo na acidez e humor sombrio que a premissa pede, mas que infelizmente o texto trata apenas superficialmente.

A impressão que fica é que Downhill é mais um daqueles remakes que parece direcionado para o público estadunidense que não gosta de ler legenda, oferecendo apenas uma reprodução pálida do original que não tenta trazer nenhum novo olhar para a premissa que constrói.

Nota: 5/10


Trailer

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