terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Crítica - O Rei da Polca

Análise O Rei da Polca


Review O Rei da Polca
É difícil assistir a este O Rei da Polca e não lembrar de Bernie: Quase um Anjo (2011) dirigido por Richard Linklater. Ambos são filmes baseados em histórias reais e estrelados por Jack Black interpretando um sujeito aparentemente boa praça e inofensivo que acaba cometendo um crime para viver do modo extravagante como deseja. A diferença é que Bernie era mais competente tanto em extrair o humor sombrio da situação quanto em tentar compreender quem era aquele sujeito e porque ele fez o que fez.

Este filme é baseado na história real do cantor e imigrante polonês Jan Lewan (Jack Black), que já tinha sido retratada no documentário The Man Who Would Be The Polka King (2009). Lewan tinha uma banda de polca e também uma loja de souvenires poloneses em sua cidade natal. Ele desejava se tornar uma grande estrela, mas para conseguir seu sonho precisava de dinheiro. O meio que encontrou para conseguir dinheiro foi vender notas promissórias falsas para seus fãs (a maioria idosos) como se eles estivessem investindo em sua banda. Com isso Lewan criou um enorme esquema pirâmide que se estendeu por vários anos.

As situações bizarras que aconteceram ao longo da trajetória de Lewan, como sua tentativa de subornar um padre para conseguir um encontro com o Papa, certamente justificam a abordagem cômica do filme. O problema é que a narrativa se move por essas situações de maneira muito rápida ao longo de seus 94 minutos e não dá tempo para que elas sejam plenamente exploradas em seu potencial cômico. Mal dá tempo para sentirmos a graça, esquisitice ou as repercussões hilárias dos eventos e o filme já pula para a próxima cena, como se tivesse pressa de chegar ao final.

Jack Black consegue arrancar algumas risadas com o sotaque exagerado e personalidade alegre, ainda que sem noção, de Jan Lewan, mas o problema é que o roteiro não lhe dá muito o que trabalhar em termos de desenvolvimento de personagem e seu protagonista acaba se tornando uma caricatura de uma piada só que eventualmente se torna cansativo.

Sem uma tentativa de compreender o que move Jan em seu desejo de ser famoso, ele parece apenas um megalomaníaco estúpido e nunca vai além disso. Considerando a já citada rapidez da trama, somada a esse tratamento raso do protagonista, tudo soa superficial demais funcionar tanto quanto comédia ou drama. Melhor sorte tem a comediante Jenny Slate como Marla, a esposa de Jan. No início ela parece mais uma dona de casa fútil (e não deixa de ser), mas conforme a trama avança acaba revelando que seu desejo de aparecer na mídia se dá também por não querer ser conhecida apenas por ser esposa de alguém. É um arco que poderia render algo interessante, mas, como o restante do filme, acaba sendo abordado de forma rasa ainda que Marla pareça uma personagem com mais camadas que Jan.

Apesar do carisma e esforço de Jack Black e da insólita história real que conta, O Rei da Polca é insípido demais para funcionar como biografia, comédia ou uma ácida crítica ao lado sombrio do "sonho americano". Filmes como Bernie: Quase um Anjo (2011) ou Sem Dor, Sem Ganho (2013) são uma melhor pedida para quem busca esse tipo de história.


Nota: 5/10

Trailer

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