quinta-feira, 21 de março de 2013

Crítica - Os Croods

Depois de quatro A Era do Gelo, era de se pensar que o tema de “seres primitivos precisam sobreviver a destruição do mundo conhecido” havia sido esgotado pelo cinema de animação, mas então a Dreamworks nos apresenta a este Os Croods, uma animação sobre um grupo de seres primitivos que precisa sobreviver ao fim do mundo como o conhecem, mais especificamente, a separação dos continentes.
Felizmente as semelhanças param por aí, já que este Os Croods tem um tema próprio a tratar. O filme foca na jovem Eep (Emma Stone), sempre descontente em viver fechada dentro de uma caverna, saindo apenas para procurar comida. Isso a coloca em constante atrito com seu pai, Grug (Nicolas Cage), cuja única regra é “nunca saia da caverna” e arrasta sua família para dentro da caverna ao sinal de qualquer perigo ou coisa diferente. A situação muda quando Eep vê uma luz vindo de fora da caverna à noite e tomada por curiosidade, decide sair da caverna e descobrir de onde vem a luz. É assim que ela conhece Guy (Ryan Reynolds) um jovem que lhe conta sobre a catástrofe iminente e a necessidade de encontrar um lugar seguro.
Assim, o filme é basicamente uma versão infantil do mito da caverna de Platão, com indivíduos presos a noções limitadas de mundo precisam sair de suas cavernas (literal e metaforicamente) para enfrentar os problemas do mundo e reavaliar suas convicções ao invés de permanecerem fechados em si mesmos. É uma premissa interessante, principalmente pelo fato do filme ser desprovido de um vilão, os obstáculos a serem superados são os próprios medos e preconceitos dos personagens, além de, é claro, a natureza selvagem e implacável.

Entretanto, não precisam temer que o filme seja apenas uma discussão abstrata e filosófica para a necessidade de expandirmos nossos horizontes, a narrativa tem um tom bastante leve. Os cenários são incrivelmente coloridos e as criaturas, embora representem perigo, nunca tem uma aparência realmente assustadora ou grotesca. O filme recorre bastante ao humor e em um tom predominantemente cartunesco que certamente agradará aos pequenos, mas que pode ser simples e rasteiro demais para boa parte dos adultos. Algumas soluções do roteiro também se apresentam fáceis e simples demais, possivelmente para evitar que os conflitos se tornem sérios demais para quebrar o tom de fábula infantil.
Os Croods é um filme bem divertido e que surpreende pelo seu interessante subtexto, que nos lembra de exercitar nossa capacidade de questionar e pensar além do nosso conformismo diário, uma mensagem bastante importante em uma sociedade onde as pessoas cada vez mais se fecham em seus próprios preconceitos e verdades. Entretanto, a obra provavelmente tem muito mais a oferecer ao público infantil do que aos adultos e é uma pena que não tenha conseguido encontrar o equilíbrio para atingir os dois públicos.
Nota: 6/10

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