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segunda-feira, 28 de julho de 2025

Crítica – Amores Materialistas

 

Análise Crítica – Amores Materialistas

Review – Amores Materialistas
Em Amores Materialistas a diretora Celine Song tenta expandir algumas ideias sobre relacionamentos amorosos que trabalhou no excelente Vidas Passadas (2023). Lá ela desconstruía a ideia de que existe uma alma gêmea para cada pessoa, pensando que essa noção de pessoa ideal tem muito a ver com oportunidade e conveniência. Aqui em Amores Materialistas ela pondera sobre a natureza transacional dos relacionamentos.

Material girl

A narrativa gira em torno de Lucy (Dakota Jonhson), que trabalha numa agência de relacionamentos voltada para clientes de alta classe. Seu trabalho consiste em encontrar os pares ideais para seus clientes, homens e mulheres, que buscam alguém para casar. Em seu cotidiano ela pesa preferências de cada um, nível de renda e o que cada cliente exige de um par ideal. É um trabalho que pensa em relacionamentos quase como produtos, nos quais alguém busca um objeto com certas características e ela procura outra pessoa que se encaixe nas exigências e que cumpra as da outra pessoa. No casamento de uma cliente, Lucy conhece Harry (Pedro Pascal), um rico e charmoso investidor que reúne a beleza e dinheiro que ela espera de um par. Lucy também se reencontra com seu ex, John (Chris Evans), um ator de teatro cuja carreira nunca decolou e ainda vive de pequenos bicos mesmo próximo dos quarenta anos de idade. Apesar de não ter nada de material a oferecer, Lucy tem uma forte conexão afetiva com John e constantemente desabafa com ele.

A primeira cena do filme, com um homem das cavernas se aproximando de uma mulher levando flores e ferramentas feitas de osso e ela cede aos avanços do homem. É uma cena que ilustra como relacionamentos podem se construir a partir do interesse no que a outra pessoa tem a lhe oferecer, seja conforto material, status social que vem de riqueza ou aparência física, seja do prazer sexual que a outra pessoa lhe dá. Casamentos, afinal, são contratos e como qualquer contrato depende do interesse de ambas as partes. Esse componente materialista e até mesmo primitivo dos relacionamentos se verifica no presente nas reuniões que Lucy tem com os clientes nas quais homens e mulheres elencam o que buscam no parceiro, desde faixa de renda, passando por idade, altura ou medidas do corpo. Lucy encara tudo com um pragmatismo extremo, indagando aos clientes que elementos eles estariam dispostos a abrir mão na busca por um par e quais não são negociáveis, partindo da ideia de que nos relacionamos com alguém na medida em que percebemos que a outra pessoa nos agrega valor, mesmo que seja um valor sentimental, intangível.

Assim, ela é colocada em um triângulo amoroso no qual suas convicções serão testadas. De um lado Harry é tudo que sua mente materialista sempre desejou, ele atende a todos os seus critérios e ela os dele, já que ele é tão pragmático em sua visão de relacionamentos quanto ela. Por outro lado, John é alguém que está sempre presente, alguém que ela sabe que pode depender para suporte emocional e que consegue saber que Lucy não está bem pelas mínimas nuances de voz ou rosto. Johnson, Pascal e Evans formam um trio charmoso, com Evans e Pascal dotando seus personagens de uma medida de vulnerabilidade emocional que ajuda a dar aos dois personagens mais camadas. A dinâmica que o trio de atores estabelece entre si torna crível o dilema da protagonista mesmo quando o texto deixa pistas muito explícitas a respeito de quem ela irá escolher.

Relações abusivas

O principal problema do filme nem é a previsibilidade do triângulo amoroso, já que Evans e Pascal são pretendentes atraentes e carismáticos o bastante para manter nosso interesse, mas a maneira desajeitada com a qual a narrativa insere uma subtrama de abuso sexual envolvendo Sophie (Zoe Winters), uma das clientes de Lucy. A primeira coisa que chama atenção é o modo pouco crível pelo qual a situação é construída. Lógico, Lucy ou qualquer pessoa da empresa não tem como ter certeza total que os homens que participam do serviço não são agressores em potencial, mas considerando que é um serviço para pessoas de alta classe e os tempos em que estamos vivendo é difícil crer que a empresa de Lucy não possua qualquer protocolo para lidar com isso, como um botão de pânico ou um serviço de emergência.

Também incomoda que toda a trama de Sophie não discuta o abuso, a falta de punição para os homens que cometem isso ou outras variáveis sociais da questão. O abuso de sofrido pela personagem existe apenas para avançar a história de Lucy, já que a violência que Sophie passa e o confronto entre ela e Lucy lembram a protagonista dos perigos de tratar pessoas como objetos. O abuso de Sophie é um mero motivador para Lucy repensar suas convicções e as escolhas que faz em relação a John e Harry, lembrando que por mais transacional que um relacionamento seja, é difícil funcionar ou durar sem alguma medida de afeto.

O clímax é igualmente pouco crível, já que é difícil de acreditar que Sophie não tinham mais ninguém para ligar além de Lucy, mesmo tendo aberto um processo contra a empresa dela. Sim, ela pode ser uma pessoa tão focada na carreira que não tem amigas, mas se ela é essa figura bem sucedida ela provavelmente teria uma colega de trabalho, uma secretária, uma estagiária, alguém que pudesse chamar. Do jeito que está tudo soa forçado para fazer a redenção de Lucy, mesmo que o texto não a tenha feito merecer essa redenção.

Assim, a diretora Celine Song continua a trazer reflexões instigantes sobre a natureza dos relacionamentos, pensando em sua dimensão de transação a partir de um romance que se sustenta pelo charme de seu trio principal, já que a trama tropeça em algumas escolhas problemáticas.

 

Nota: 6/10


Trailer


quarta-feira, 9 de julho de 2025

Crítica – Shadow Force: Sentença de Morte

 

Análise Crítica – Shadow Force: Sentença de Morte

Review – Shadow Force: Sentença de Morte
É impressionante como quase nada funciona neste Shadow Force: Sentença de Morte, misto de ação com comédia romântica que tenta fazer tanta coisa ao mesmo tempo, misturando diferentes gêneros e propostas estéticas ou narrativas que nada consegue operar conjuntamente com coesão. A impressão que fica é a de um filme que parece brigar consigo mesmo o tempo todo.

Conflito interior

A trama acompanha o casal de mercenários Issac (Omar Sy) e Kyrah (Kerry Washington). No passado eles serviram juntos da Shadow Force, divisão secreta que realizada missões de assassinato. Quando eles se apaixonaram e tiveram um filho decidiram abandonar a divisão, mas isso os colocou na mira do líder, o ardiloso Jack Cinder (Mark Strong). Eles vivem separados, com Issac cuidando do filho do casal, enquanto Kyrah caça os remanescentes do grupo que estão atrás deles. As coisas mudam quando Issac impede um assalto à banco, atraindo atenção da mídia e fazendo seu rosto circular na mídia, chamando atenção de quem os caçava, obrigando ele e Kyrah a se reunirem e eliminarem a ameaça de uma vez por todas.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Crítica – Amor Bandido

 

Análise Crítica – Amor Bandido

Review – Amor Bandido
Depois de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022) o público redescobriu o carisma de Ke Huy Quan. Após o sucesso e as premiações que vieram com o filme, Quan apareceu em projetos de visibilidade como a segunda temporada de Loki. Este Amor Bandido, porém, é o primeiro trabalho do ator como protagonista depois de sua renascença e, infelizmente, é uma produção aquém do seu astro.

Paixão perigosa

A trama gira em torno de Marvin (Ke Huy Quan), um pacato corretor de imóveis que parece feliz com sua vida. No dia dos namorados ele recebe uma mensagem de uma antiga paixão, Rose (Ariana DeBose), que o lembra de sua vida pregressa. O contato de Rose coloca Marvin na mira dos criminosos para os quais ele trabalhava e agora ele precisa lutar para sobreviver. De certa forma é uma mistura de John Wick com comédia romântica e personagens excêntricos a la Tarantino e Guy Richie. O problema é que nenhuma dessas é bem executada.

terça-feira, 11 de março de 2025

Crítica – O Melhor Amigo

 

Análise Crítica – O Melhor Amigo

Review – O Melhor Amigo
Dirigido por Allan Deberton, do ótimo Pacarrete (2019), O Melhor Amigo é uma comédia romântica musical com um inesperado clima de nostalgia. É uma trama sobre encontros e desencontros amorosos que se vale dos números musicais para fins de humor e criar um clima de excentricidade.

Romance difuso

A narrativa acompanha Lucas (Vinícius Teixeira) que vai sozinho em uma viagem de férias para a praia de Canoa Quebrada depois de uma crise com o namorado, Martin (Léo Bahia). Lá ele reencontra um antigo colega de faculdade, Felipe (Gabriel Fuentes), que trabalha como guia no local. Os dois se reconectam, trazendo desejos antigos à tona.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Crítica – O Dia Que Te Conheci

 

Análise Crítica – O Dia Que Te Conheci

Review – O Dia Que Te Conheci
O cinema de André Novais e dos outros diretores da Filmes de Plástico é muito calcado na construção de um senso de cotidianidade. Se o drama normalmente tenta se concentrar nos grandes momentos de triunfo ou tragédia da vida comum, André e seus colegas entendem que a vida se constrói principalmente nos interlúdios entre essas duas coisas, que o grosso de nosso tempo se concentra nesse “eterno quase” de conseguirmos ou não aquilo que desejamos e neste "eterno quase" em que residem muitos de nossos momentos especiais. O Dia Que Te Conheci é um romance que se desenvolve justamente nesses momentos.

terça-feira, 16 de julho de 2024

Crítica – Assassino Por Acaso

 

Análise Crítica – Assassino Por Acaso

Review – Assassino Por Acaso
Não esperava muita coisa de Assassino Por Acaso, já que o material de divulgação não dava a impressão do quão esquisito era o filme. Ainda bem que resolvi dar uma chance a ele e conferir essa ponderação bem humorada que o diretor Richard Linklater faz a respeito de nossa relação com a ficção e nosso senso de identidade.

A narrativa é levemente baseada em uma história real. Gary Johnson (Glen Powell) é um tímido professor de filosofia que ocasionalmente trabalha disfarçado com a polícia de Nova Orleans. Ele lida com operações de vigilância, prendendo pessoas que buscam contratar assassinos profissionais. Quando o policial que costuma “interpretar” o falso assassino nas operações é suspenso, Gary acaba assumindo a função e revela ter naturalidade para fingir ser outra pessoa. É aí que ele conhece Madison (Adria Arjona), uma mulher disposta a contratar alguém para matar seu marido abusivo. Entendendo as razões dela, Gary a convence a desistir e acaba se apaixonando por Madison. O problema é que ela continua acreditando que ele é um matador de aluguel e então tenta se comportar como um.

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Crítica – Como Vender a Lua

 

Análise Crítica – Como Vender a Lua

Review – Como Vender a Lua
É curioso como o cinema hollywoodiano sempre retorna ao pouso na Lua como signo da engenhosidade, excelência e superioridade dos Estados Unidos. Talvez por ser o evento histórico mais seguro (já que não envolve invadir ou bombardear outros países) para tentar reforçar no público a ideia de que esta é a maior nação do planeta. Este Como Vender a Lua mistura comédia romântica e drama histórico para fazer precisamente isso, embora nem sempre atinja suas ambições.

A trama se passa nos anos 60, sendo protagonizada por Kelly (Scarlett Johansson), uma profissional de marketing que é contratada pelo governo dos EUA para fazer a opinião pública ficar favorável à ideia de uma missão para a Lua. Chegando na base de lançamento na Flórida, as táticas de Kelly para melhorar a imagem do programa espacial enfrentam resistência do diretor da missão Cole (Channing Tatum) que não aprova os métodos escorregadios de Kelly. Claro que a partir dessa união entre opostos os dois irão se apaixonar.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Crítica – Tudo em Família

 

Análise Crítica – Tudo em Família

Review – Tudo em Família
Fui temeroso assistir Tudo em Família, mais nova produção da Netflix, já que era uma comédia romântica focada no problemático relacionamento entre mãe e filha, uma premissa muito similar a outra produção recente da Netflix, a horrenda A Mãe da Noiva. Na verdade, o único motivo para eu ter resolvido assistir Tudo em Família foi a presença de Nicole Kidman, uma atriz que costuma ser cuidadosa na escolha de seus projetos.

A trama é protagonizada por Zara (Joey King) que trabalha como assistente pessoal do astro de cinema Chris (Zac Efron), aturando sua personalidade ególatra pela promessa de se tornar produtora em seus filmes. As coisas se complicam quando Chris conhece Brooke, Nicole Kidman, a mãe de Zara, e se apaixona pela escritora.

Joey King e Zac Efron inicialmente estabelecem uma química divertida na constante troca de farpas entre os dois personagens. Efron já tinha se mostrando eficiente interpretando babacas vaidosos e meio burros em comédias como Vizinhos (2014) e Baywatch (2017) e volta a divertir com seu astro canastrão autocentrado. O ator ainda consegue mostrar uma vulnerabilidade inesperada em Chris conforme ele se aproxima de Brooke. Kidman também tem cenas divertidas ao lado de Kathy Bates, que interpreta a mãe de sua personagem.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Drops – A Mãe da Noiva

 

Análise – A Mãe da Noiva

Review – A Mãe da Noiva
Este A Mãe da Noiva é mais uma daquelas comédias românticas que segue a fórmula algorítmica da Netflix de juntar um elenco moderadamente famoso (nomes conhecidos, mas que não sejam tão caros) em uma locação paradisíaca (para dar ao público a impressão de que está vendo algo novo). Tudo embalado por uma trama tão quadrada e previsível que se você ver os primeiros vinte minutos e pular para os últimos vinte não vai perder nada da narrativa.

A história é centrada em Emma (Miranda Cosgrove, a eterna protagonista de iCarly), uma influencer que vai casar com o homem de seus sonhos em um resort paradisíaco na Tailândia com tudo pago por uma marca que a patrocina. O problema é que sua mãe, Lana (Brooke Shields), foi ex-namorada do pai de R.J (Sean Teale), o noivo de Emma. Lana considera Will (Benjamin Bratt) um cafajeste e teme pelo futuro da filha ao lado do genro.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Crítica – Está Tudo Bem Comigo?

 

Análise Crítica – Está Tudo Bem Comigo?

Review – Está Tudo Bem Comigo?
Eu não tinha lá muitas expectativas para este Está Tudo Bem Comigo? Considerando que os últimos filmes que assisti protagonizados pela Dakota Johnson foram as bombas Persuasão (2022) e Madame Teia (2024). Esta comédia romântica dirigida pela comediante Tig Notaro e a esposa Stephanie Allyne, porém, me surpreendeu pela mistura agridoce com a qual desenvolve a jornada de autodescoberta e aceitação de sua protagonista.

Lucy (Dakota Johnson) e Jane (Sonoya Mizuno) são melhores amigas desde sempre. Quando Jane está prestes a casar e se mudar para a Inglaterra, Lucy começa a pensar no que vai fazer sem a melhor amiga e como, ao contrário de Jane, nunca teve sucesso em seus relacionamentos com homens. Aos poucos Lucy começa a se dar conta de que sempre sentiu atração por mulheres e que sente algo pela colega de trabalho Brittany (Kiersey Clemons), mas tem dificuldade de aceitar isso e embarcar nesses sentimentos, temendo ser tarde demais para dar uma guinada na vida ou ser julgada pelos outros por não saber o que quer.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Crítica – Evidências do Amor

 

Análise Crítica – Evidências do Amor

Review – Evidências do Amor
Quando escrevi sobre Grandes Hits mencionei como é curioso que pessoas diferentes, em lugares diferentes, tenham ideias similares para um mesmo filme. Nesse caso é a premissa que ouvir certas músicas estaria tão conectado aos nossos sentimentos e memória que nos faria viajar no tempo. A produção brasileira Evidências do Amor parte da mesma ideia, embora trace com ela caminhos diferentes do hollywoodiano Grandes Hits, que foi lançado quase no mesmo tempo.

A trama gira em torno de Marco (Fábio Porchat), que não supera o fim do noivado com Laura (Sandy Leah). Agora toda vez que ouve a canção Evidências, de Chitãozinho & Xororó, música que cantou junto com Laura em um karaokê quanto se conheceram, ele é transportado ao passado e revive memórias do relacionamento. Reviver essas memórias o faz perceber que a decisão dela em terminar talvez não tivesse sido tão súbita quanto pensava e que ele tem responsabilidade no fim da relação. Assim, Marco tenta embarcar nessas memórias para pensar em uma maneira de retomar o relacionamento.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Crítica – 13 Sentimentos

 

Análise Crítica – 13 Sentimentos

Review – 13 Sentimentos
Novo filme de Daniel Ribeiro, responsável por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), é uma comédia romântica sobre término e sobre se reencontrar depois de um relacionamento longo. A trama gira em torno de João (Artur Volpi), um jovem cineasta que terminou a relação de dez anos que tinha com Hugo (Sidney Santiago). Ele tenta reconstruir a vida e conhece Vitor (Michel Joelsas), se apaixonando por ele, mas também não quer embarcar diretamente em um novo relacionamento e tenta experimentar outros caminhos.

A narrativa tem uma estrutura que remete a comédias românticas hollywoodianas, com o protagonista passando por vários encontros, conhecendo diferentes tipos de pretendentes e conversando a respeito disso com uma dupla de amigos. É uma estrutura que o filme executa razoavelmente bem, ainda que repita certos clichês que soam bem manjados hoje. O principal é o dos amigos que parecem existir para gravitar em torno dele, já que os dois não tem qualquer arco narrativo e servem basicamente como orelha para João falar sobre os próprios sentimentos, além de ocasional alívio cômico.

terça-feira, 14 de maio de 2024

Drops – Grandes Hits

 

Crítica – Grandes Hits

Review – Grandes Hits
É curioso como as vezes cineastas chegam em ideias similares num mesmo período de tempo. Esse ano, com semanas de diferença, tivemos dois filmes sobre pessoas viajando no tempo com o poder da música. Aqui no Brasil tivemos Evidências do Amor enquanto que o cinema hollywoodiano produziu este Grandes Hits, que parte de uma premissa relativamente similar, ainda que faça coisas diferentes com ela.

Na trama, Harriet (Lucy Boynton) lida com a perda do namorado, Max (David Corenswet, que vai ser o próximo Superman), em um acidente de carro dois anos atrás. Por conta de um ferimento que sofreu na cabeça no acidente em que Max morreu ela consegue voltar no tempo toda vez que ouve alguma música que lhe remete a algum momento importante com o namorado. Ao mesmo tempo, Harriet conhece David (Justin H. Min) no grupo de terapia de luto que frequenta. Eles se aproximam, mas ela tem dificuldade de se permitir viver algo com ele porque cada música que ouve a transporta para seu passado com Max.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Crítica – Uma Ideia de Você

 

Análise Crítica – Uma Ideia de Você

Review – Uma Ideia de Você
De início não me interessei por Uma Ideia de Você. Parecia uma reciclagem de Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) com gêneros invertidos e acrescentando a questão da idade. Resolvi dar uma chance ao ver que era dirigido por Michael Showalter, responsável por Doentes de Amor (2019) e pela minissérie The Dropout (2022), que nesses trabalhos conseguia equilibrar bem comédia, emotividade e reflexões consistentes sobre relacionamentos e sociedade. Aqui, porém, isso não acontece.

A trama é protagonizada pela galerista Solene (Anne Hathaway) uma mulher de quase 40 anos, divorciada e que tem que levar a filha para o concerto de uma boy band depois que o ex marido, Daniel (Reid Scott), desiste de levar a garota por conta de um compromisso de trabalho. Chegando no show, Solene se aproxima de Hayes (Nicholas Galitzine), um dos músicos da boy band August Moon. Dias depois, Hayes a procura em sua galeria e os dois iniciam um romance.

terça-feira, 30 de abril de 2024

Crítica – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

 

Análise Crítica – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

Review – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra
A máxima de que o amor nos leva a cometer as maiores loucuras é levada aos extremos mais violentos neste Love Lies Bleeding: O Amor Sangra conforme as duas protagonistas tentam proteger uma a outra e terminam por se envolver em mais crimes a cada nova tentativa. A narrativa se passa na década de 80 e é focada em Lou (Kristen Stewart), uma jovem solitária que trabalha em uma academia e se apaixona pela fisiculturista Jackie (Katy O’Brien). Lou tem uma relação ruim com o pai, também chamado Lou (Ed Harris), que é um importante traficante de armas da região e com quem Jackie vai trabalhar como garçonete em seu bar sem saber inicialmente o quanto ele é perigoso ou o parentesco dele. Expulsa de casa e viajando a esmo pelo país enquanto tenta competir em um torneio de fisiculturismo em Las Vegas, Jackie passa boa na academia em que Lou trabalha e as duas começam a se aproximar.

É curioso que apesar de ser um romance queer passado na década de 80, a homofobia é o menor dos problemas que essas personagens enfrentam, Mesmo o pai criminoso de Lou parece não se importar com o fato dela “gostar de garotas” e como ele é um criminoso conhecido isso dá a ela certa proteção. É uma maneira de não reduzir as experiências queer a uma existência de apenas lidar com o preconceito e explorar outras histórias que podem ser contadas com esses personagens.

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Crítica – Todos Nós Desconhecidos

 

Análise Crítica – Todos Nós Desconhecidos

Review – Todos Nós Desconhecidos
Dirigido por Andrew Haigh, Todos Nós Desconhecidos é uma história sobre luto, solidão, intimidade e estranhamento. Sua narrativa sobre se manter preso ao passado e não se abrir para o presente, preferindo conviver os fantasmas de outrora poderia render um filme bem piegas, daqueles feitos para forçar o público ao choro, mas Haigh traz uma leveza e uma sensibilidade na condução que faz tudo ser emotivo sem cair na pieguice.

A trama é protagonizada por Adam (Andrew Scott), um escritor que aparentemente é a única pessoa morando em um alto prédio de habitação popular. O único outro morador que ele parece encontrar no local é Harry (Paul Mescal) e ambos começam a conversar. Com o tempo, Harry demonstra interesse em Adam, mas o escritor passa seu tempo revisitando a casa que cresceu na infância, tentando escrever um roteiro de cunho autobiográfico a respeito de sua relação com os pais falecidos. Em uma dessas idas, nas quais o trem funciona como uma máquina do tempo, ele encontra o pai (Jamie Bell) em uma loja de conveniência e vai jantar com ele e a mãe (Claire Foy), como se nada tivesse acontecido. Ele passa a dividir seu tempo entre os pais e Harry, mas esses mundos não demonstram facilidade em coexistir.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Crítica – Sr & Sra Smith

 

Análise Crítica – Sr & Sra Smith

Review – Sr & Sra Smith
Não sou lá grande fã do Sr. & Sra. Smith (2005) estrelado por Brad Pitt e Angelina Jolie, então o anúncio de uma série baseada no filme não fez muito para me empolgar. Mesmo a informação de que Donald Glover, responsável pela excelente Atlanta, estaria à frente da série como astro e produtor me fez mudar muito de ideia. Tendo visto a série Sr. & Sra. Smith, porém, posso dizer que é um esforço melhor sucedido que o longa de 2005.

A trama acompanha John (Donald Glover) e Jane (Maya Erskine), uma dupla de agentes que aceitam trabalhar para a misteriosa Companhia. A atividade envolve fingirem ser um casal enquanto desempenham as missões dadas por um contato misterioso que se comunica com eles via mensagens de computador. Aos poucos, a relação de conveniência vai se tornando um casamento de verdade, com um se apaixonando pelo outro, mas o cotidiano de perigo ameaça o relacionamento entre eles. 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Crítica – Todos Menos Você

 

Análise Crítica – Todos Menos Você

Review – Todos Menos Você
Hollywood gosta de modernizar clássicos da literatura e teatro em forma de comédia romântica. Emma, de Jane Austen, foi transformado em As Patricinhas de Beverly Hills (1995), A Megera Domada, de Shakespeare, virou 10 Coisas Que Eu Odeio em Você (1999). Agora outra peça de Shakespeare se torna uma comédia romântica passada na contemporaneidade, com Todos Menos Você tentando ser uma versão modernizada de Muito Barulho Por Nada.

A trama é protagonizada por Ben (Glen Powell) e Bea (Sydney Sweeney). Anos atrás eles tiveram um encontro que não deu muito certo e agora se detestam. Os dois se reencontram indo para um casamento na Austrália, onde Halle (Hadley Robinson), irmã de Bea, vai se casar com Claudia (Alexandra Shipp), melhor amiga de Ben. Temendo que a animosidade dos dois estrague o clima do casamento, as noivas e suas famílias tentam armar para que os dois se apaixonem.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Crítica – Vidas Passadas

 

Análise Crítica – Vidas Passadas

Review – Vidas Passadas
Nossa concepção de amor romântico gira muito em torno da noção de “alma gêmea”, da ideia de que num mundo com bilhões de pessoas existe uma única pessoa que está destinada a nós e que quando a conhecermos sentiremos um amor tão arrebatador que não teremos outra reação que não perceber que essa é nossa “alma gêmea”. Vidas Passadas, no entanto, indaga sobre essa concepção pensando o quanto do amor e de relacionamentos são uma questão de um momento ideal, de encontrarmos uma pessoa em um tempo específico e em um momento específico e dessa conveniência espaço-temporal que surgiria um relacionamento duradouro. Quando algo não se encaixa, mesmo quando há amor, muitas vezes a relação pode não ir adiante e essas pessoas podem seguir caminhos diferentes, construir vidas com outras pessoas.

A trama é protagonizada por Nora (Greta Lee), uma mulher coreana que imigrou para o Canadá quando tinha doze anos, deixando para trás sua paixão de infância, Hae Sung (Teo Yoo). Alguns anos depois Nora reencontra Hae Sung pela internet e eles retomam a conexão de juventude, mas eles estão por demais focados em seus cotidianos e não tem meios para se reencontrarem presencialmente, então Nora decide se afastar um pouco e dar atenção a carreira que está começando nos Estados Unidos. Algum tempo depois Nora se casa com o escritor Arthur (John Magaro) e anos se passam até que ela retome contato com Hae Sung, que decide ir aos Estados Unidos para vê-la.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Crítica – Scott Pilgrim: A Série

 

Análise Crítica – Scott Pilgrim: A Série

Review – Scott Pilgrim: A Série
Meu primeiro contato com a obra de Bryan Lee O’Malley foi a adaptação para os cinemas de Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010), de Edgar Wright. Um tempo depois fui ler o quadrinho homônimo que inspirou o filme e gostei ainda mais, já que ele aprofundava mais os vários personagens e dava mais evidência ao fato de Scott estar longe de ser um “cara legal” e que Ramona tinha seu grau de responsabilidade no modo como tratava aqueles com quem se relacionava. Agora, cerca de vinte anos depois do lançamento do quadrinho, ele é adaptado como série animada pela Netflix neste Scott Pilgrim: A Série.

Inicialmente pensei que fosse ser uma adaptação mais fiel da HQ e me empolguei pelo fato do elenco de dubladores ser o mesmo do filme do Edgar Wright, já que todos funcionavam muito bem. A série, no entanto, é mais uma releitura do material original do que uma transposição direta, o que acaba se revelando uma boa escolha. Primeiro que evita a estrutura de uma ordem linear no enfrentamento com os ex-namorados de Ramona, algo que fez o quadrinho e o filme soarem repetitivos em certos pontos. Segundo que com o distanciamento de vinte anos de sua própria obra, O’Malley, que escreveu os roteiros dos oito episódios, pode examinar melhor alguns aspectos que não foram tão bem trabalhados no original e expande muito de suas ideias.