sexta-feira, 13 de junho de 2025

Rapsódias Revisitadas – Ed Wood

 

Crítica – Ed Wood

Análise Crítica – Ed Wood
Considerado por muito tempo como o pior diretor do mundo, os filmes de Ed Wood são lembrados por sua tosqueira, uso de imagens de arquivo e narrativas insólitas. Ele é uma figura singular no cinema dos EUA, vivendo às margens dessa indústria a despeito de seu desejo de ser parte dela. Talvez seja essa vida de pária que atraiu Tim Burton, sempre interessado em personagens solitários ou excluídos, a contar a história do diretor em Ed Wood, lançado em 1994.

Cinema nas bordas

A narrativa é toda filmada em preto e branco, acompanhando Ed (Johnny Depp) desde seus esforços para filmar seu primeiro longa-metragem, Glen or Glenda (1953), passando por sua amizade com o ator Bela Lugosi (Martin Landau), suas tentativas de se estabelecer na indústria e a culminância de sua carreira em Plan 9 From Outer Space (1959), produção que lhe deu fama, ou melhor, infâmia internacional.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Crítica – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

 

Análise Crítica – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

Review – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra
Primeiro longa-metragem do diretor Pat Boonnitipat, a produção tailandesa Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra parte de uma premissa inusitada para contar uma afetuosa história sobre família, luto e legado. Às vezes é um pouco previsível, mas tem charme e emoção o suficiente para nos manter interessados.

Esquema afetivo

A narrativa é centrada em M (Putthipong Assaratanakul), um jovem sem perspectiva de futuro que passa seu tempo com jogos online. Ele vê a prima Mui (Tontawan Tantivejakul) tomar conta de um tio idoso e saltar para a prioridade em seu testamento, ficando com a casa dele quando ele morre. Percebendo como a herança permitiu que a prima subisse na vida, M enxerga a notícia que sua avó, Amah (Usha Seamkhum), está com câncer e provavelmente só tem um ano de vida, como uma possibilidade de ganhar a preferência da avó e ficar no topo das prioridades por herança.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Crítica – O Contador 2

 

Análise Crítica – O Contador 2

Review – O Contador 2
Lançado em 2016, o primeiro O Contador chamava atenção pelo protagonista neurodivergente vivido por Ben Affleck, mas além disso era um suspense moroso, com poucos elementos marcantes. Não era um filme que me deixava curioso por mais, nem parecia ter sucesso ou fãs pedindo por uma continuação. Ainda assim esse O Contador 2 é lançado quase dez anos depois do original e continua sendo um suspense meia boca impedido de mergulhar no completo tédio por conta do protagonista.

Identificando padrões

A trama começa com o assassinato de King (J.K Simmons) durante a investigação a um esquema de tráfico de pessoas. A agente Marybeth (Cynthia Addai-Robinson) relutantemente pede ajuda a Christian (Ben Affleck) para ajudar a descobrir o que aconteceu, já que o nome dele estava nos arquivos de King. No percurso, Christian também é auxiliado pelo irmão Braxton (Jon Bernthal) de quem tenta se reaproximar.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Crítica – Oeste Outra Vez

 

Análise Crítica – Oeste Outra Vez

Review – Oeste Outra Vez
Um dos gêneros mais marcantes do cinema hollywoodiano, o faroeste foi marcado durante muito tempo por ideais tradicionais de masculinidade. Para sobreviver nos ermos do oeste selvagem seus protagonistas eram homens duros, brutos e violentos que não tinham muito tempo para ternura ou falar sobre sentimentos. A produção brasileira Oeste Outra Vez remete ao faroeste justamente para pensar a respeito de masculinidade e como certos padrões de comportamento podem ser destrutivos para os próprios homens.

Todo mundo tem problemas sentimentais

A trama se passa no interior de Goiás e acompanha Totó (Ângelo Antônio). Ele foi deixado pela mulher que amava e que o trocou por Durval (Babu Santana). Totó e Durval brigam, com Totó saindo machucado e jurando vingança. Ele contrata um jagunço para matar Durval e o atentado dá errado. A esse ponto Durval contrata uma dupla de matadores para dar cabo de Totó e seu jagunço que fugiram para áreas ainda mais remotas para se esconderem.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Crítica – Mountainhead

 

Análise Crítica – Mountainhead

Review – Mountainhead
Primeiro trabalho de Jesse Armstrong depois de encerrar a aclamada série Succession, o longa-metragem Mountainhead é praticamente o oposto de sua série e não digo isso como um elogio. Se Succession apresentava uma ácida sátira das elites financeiras que através de sua riqueza e plataformas midiáticas ditavam os rumos da sociedade ao mesmo tempo em que construía personagens complexos que nos atraíam para seus dramas, mesmo que nós soubéssemos o quanto são moralmente repulsivos, nada disso, porém, está presente aqui. O que Armstrong entrega é uma tentativa de sátira desprovida de qualquer qualidade mordaz e que se acomoda em apontar o óbvio sem refletir ou analisar nada.

Elite do atraso

A trama acompanha uma reunião de quatro bilionários de tecnologia. Souper (Jason Schwartzman) traz os amigos Randall (Steve Carell), Venis (Corey Michael Smith) e Jeff (Ramy Youssef) para passar um final de semana em sua mansão na montanha. Ao longo do dia eles veem instabilidade política e econômica tomarem o planeta conforme uma atualização da IA criada por Venis permite fazer conteúdo quase que indistinto da realidade, o que obviamente começa a ser usado para fins espúrios. O quarteto começa a ver isso como uma oportunidade e passam a discutir maneiras de tomar proveito da situação e ficarem ainda mais ricos.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Crítica – Sereias

 

Análise Crítica – Sereias

Review – Sereias
A minissérie Sereias é um novelão. Digo isso não em um sentido perjorativo, já que sua abordagem novelesca, cheia de excessos e histrionismos é parte do que a torna divertida, no entanto, sei que muita gente não se atrai por esse tipo de produto. Por isso aviso logo que se algo com uma pegada novelesca não é a sua praia, você talvez não se atraia pela série. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

O canto da sereia

A trama é centrada em Devon (Meghann Fahy), uma mulher que abriu mão de muita coisa na vida para cuidar da irmã mais nova depois do falecimento da mãe e agora tem que cuidar do pai que está em estado avançado de demência. Não conseguindo lidar sozinha com a responsabilidade, ela tenta contato com a irmã mais nova, Simone (Milly Alcock), que a ignora. Devon decide então ir até onde a irmã está, uma luxuosa casa de veraneio em uma ilha habitada por ricaços na qual Simone trabalha como assistente pessoal de Michaela (Julianne Moore), a esposa filantropa do bilionário Peter Kell (Kevin Bacon). Lá vê uma estranha relação de co-dependência entre Michaela e Simone, decidindo tirar a irmã dali, mas logo a própria Devon é puxada para a órbita de Michaela.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Crítica – Oh, Canadá

 

Análise Crítica – Oh, Canadá

Review – Oh, Canadá
Dirigido por Paul Schrader, Oh, Canadá é sobre como nenhum registro é capaz de dar conta de um indivíduo. Tentar contar a história de alguém envolve escolhas, envolve fabulação, e nesse processo o sujeito é transformado em um ser de linguagem, um personagem, que por mais que se tente nunca refletirá completamente a complexidade de uma pessoa real. É uma análise de como se constrói um discurso mitificado sobre alguém e as fissuras nesse discurso, embora nem chegue a executar suas ideias com a contundência que acredita estar exercendo.

Multidões dentro de si

A narrativa adapta o romance Foregone, de Russell Banks, e é centrada em Leo Fife (Richard Gere), um renomado documentarista que nos anos 60 teria fugido dos Estados Unidos para o Canadá por se recusar a servir na Guerra do Vietnã. Agora, com um câncer em estado avançado, ele aceita falar para o documentário que um antigo estudante, Malcolm (Michael Imperioli), está fazendo a seu respeito. Ao longo da conversa, Leo revisita sua juventude (na qual passa a ser interpretado por Jacob Elordi) e, sabendo que seus dias estão contados, reconta sem reservas a sua vida, oferecendo um olhar sobre si que vai além da visão construída de um cineasta engajado.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Crítica – A Fonte da Juventude

 

Análise Crítica – A Fonte da Juventude

Review – A Fonte da Juventude
Em seus primeiros filmes, Guy Ritchie era um diretor promissor com um estilo singular, mas com o tempo a impressão é que muito disso se perdeu e suas produções se tornaram cada vez mais genéricas, soando como trabalhos que poderiam ser feitos por qualquer peão de estúdio hollywoodiano. Mencionei isso quando escrevi sobre Guerra Sem Regras (2024), O Pacto (2023) ou Esquema de Risco (2023) e essas observações continuam valendo neste A Fonte da Juventude.

Aventura familiar

A narrativa gira em torno de Luke (John Krasinski), um arqueólogo e ladrão de artefatos que é contratado pelo ricaço Owen (Domhnall Gleeson) para encontrar a mítica fonte da juventude. Como algumas pistas estão além de seu entendimento, Luke recruta a irmã, Charlotte (Natalie Portman), que relutantemente se junta à equipe. A busca não será fácil, já que eles estão sendo caçados tanto pelas autoridades quanto por uma cabala de protetores do segredo da fonte liderada por Esme (Eiza Gonzalez).