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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Rapsódias Revisitadas – Ed Wood

 

Crítica – Ed Wood

Análise Crítica – Ed Wood
Considerado por muito tempo como o pior diretor do mundo, os filmes de Ed Wood são lembrados por sua tosqueira, uso de imagens de arquivo e narrativas insólitas. Ele é uma figura singular no cinema dos EUA, vivendo às margens dessa indústria a despeito de seu desejo de ser parte dela. Talvez seja essa vida de pária que atraiu Tim Burton, sempre interessado em personagens solitários ou excluídos, a contar a história do diretor em Ed Wood, lançado em 1994.

Cinema nas bordas

A narrativa é toda filmada em preto e branco, acompanhando Ed (Johnny Depp) desde seus esforços para filmar seu primeiro longa-metragem, Glen or Glenda (1953), passando por sua amizade com o ator Bela Lugosi (Martin Landau), suas tentativas de se estabelecer na indústria e a culminância de sua carreira em Plan 9 From Outer Space (1959), produção que lhe deu fama, ou melhor, infâmia internacional.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Crítica – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

 

Análise Crítica – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

Review – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra
Primeiro longa-metragem do diretor Pat Boonnitipat, a produção tailandesa Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra parte de uma premissa inusitada para contar uma afetuosa história sobre família, luto e legado. Às vezes é um pouco previsível, mas tem charme e emoção o suficiente para nos manter interessados.

Esquema afetivo

A narrativa é centrada em M (Putthipong Assaratanakul), um jovem sem perspectiva de futuro que passa seu tempo com jogos online. Ele vê a prima Mui (Tontawan Tantivejakul) tomar conta de um tio idoso e saltar para a prioridade em seu testamento, ficando com a casa dele quando ele morre. Percebendo como a herança permitiu que a prima subisse na vida, M enxerga a notícia que sua avó, Amah (Usha Seamkhum), está com câncer e provavelmente só tem um ano de vida, como uma possibilidade de ganhar a preferência da avó e ficar no topo das prioridades por herança.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Crítica – Oeste Outra Vez

 

Análise Crítica – Oeste Outra Vez

Review – Oeste Outra Vez
Um dos gêneros mais marcantes do cinema hollywoodiano, o faroeste foi marcado durante muito tempo por ideais tradicionais de masculinidade. Para sobreviver nos ermos do oeste selvagem seus protagonistas eram homens duros, brutos e violentos que não tinham muito tempo para ternura ou falar sobre sentimentos. A produção brasileira Oeste Outra Vez remete ao faroeste justamente para pensar a respeito de masculinidade e como certos padrões de comportamento podem ser destrutivos para os próprios homens.

Todo mundo tem problemas sentimentais

A trama se passa no interior de Goiás e acompanha Totó (Ângelo Antônio). Ele foi deixado pela mulher que amava e que o trocou por Durval (Babu Santana). Totó e Durval brigam, com Totó saindo machucado e jurando vingança. Ele contrata um jagunço para matar Durval e o atentado dá errado. A esse ponto Durval contrata uma dupla de matadores para dar cabo de Totó e seu jagunço que fugiram para áreas ainda mais remotas para se esconderem.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Crítica – Sereias

 

Análise Crítica – Sereias

Review – Sereias
A minissérie Sereias é um novelão. Digo isso não em um sentido perjorativo, já que sua abordagem novelesca, cheia de excessos e histrionismos é parte do que a torna divertida, no entanto, sei que muita gente não se atrai por esse tipo de produto. Por isso aviso logo que se algo com uma pegada novelesca não é a sua praia, você talvez não se atraia pela série. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

O canto da sereia

A trama é centrada em Devon (Meghann Fahy), uma mulher que abriu mão de muita coisa na vida para cuidar da irmã mais nova depois do falecimento da mãe e agora tem que cuidar do pai que está em estado avançado de demência. Não conseguindo lidar sozinha com a responsabilidade, ela tenta contato com a irmã mais nova, Simone (Milly Alcock), que a ignora. Devon decide então ir até onde a irmã está, uma luxuosa casa de veraneio em uma ilha habitada por ricaços na qual Simone trabalha como assistente pessoal de Michaela (Julianne Moore), a esposa filantropa do bilionário Peter Kell (Kevin Bacon). Lá vê uma estranha relação de co-dependência entre Michaela e Simone, decidindo tirar a irmã dali, mas logo a própria Devon é puxada para a órbita de Michaela.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Crítica – Oh, Canadá

 

Análise Crítica – Oh, Canadá

Review – Oh, Canadá
Dirigido por Paul Schrader, Oh, Canadá é sobre como nenhum registro é capaz de dar conta de um indivíduo. Tentar contar a história de alguém envolve escolhas, envolve fabulação, e nesse processo o sujeito é transformado em um ser de linguagem, um personagem, que por mais que se tente nunca refletirá completamente a complexidade de uma pessoa real. É uma análise de como se constrói um discurso mitificado sobre alguém e as fissuras nesse discurso, embora nem chegue a executar suas ideias com a contundência que acredita estar exercendo.

Multidões dentro de si

A narrativa adapta o romance Foregone, de Russell Banks, e é centrada em Leo Fife (Richard Gere), um renomado documentarista que nos anos 60 teria fugido dos Estados Unidos para o Canadá por se recusar a servir na Guerra do Vietnã. Agora, com um câncer em estado avançado, ele aceita falar para o documentário que um antigo estudante, Malcolm (Michael Imperioli), está fazendo a seu respeito. Ao longo da conversa, Leo revisita sua juventude (na qual passa a ser interpretado por Jacob Elordi) e, sabendo que seus dias estão contados, reconta sem reservas a sua vida, oferecendo um olhar sobre si que vai além da visão construída de um cineasta engajado.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Crítica – A Avaliação

 

Análise Crítica – A Avaliação

Review – A Avaliação
Em um mundo pós apocalíptico em que os recursos são escassos e há um grande controle populacional por parte do governo, qualquer casal que deseje ter filhos precisa se submeter a um processo no qual são avaliados por alguns dias para analisar se eles tem condições de criar filhos. A Avaliação parte desse conceito para pensar sobre relacionamentos afetivos, controle populacional e totalitarismo estatal.

Teste despadronizado 

A narrativa foca no casal Mia (Elizabeth Olsen) e Aaryan (Himesh Patel), dois cientistas que se submetem ao processo de avaliação para tentarem ter um filho. Eles são avaliados por Virginia (Alicia Vikander) que irá ficar com eles por sete dias observando diferentes aspectos da vida do casal para determinar se eles estariam aptos a terem filhos ou não. De início Virginia age de forma bastante protocolar, perguntando sobre o trabalho do casal ou a relação deles, mas a partir do segundo dia, os testes passam a ser menos ortodoxos, incluindo Virginia se comportando como criança para testar as reações deles ou tentando seduzi-los.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Crítica – Nonnas

 

Análise Crítica – Nonnas

Review – Nonnas
Estrelado por Vince Vaughn, Nonnas é aquele tipo de “filme conforto” que a gente sabe que é extremamente clichê, não tem nada que nos instigue ou desafie enquanto espectadores, mas apreciamos pela familiaridade e pela emoção genuína que oferece dentro de um esquema já conhecido de narrativa sobre relações familiares e realização de sonhos.

Comida de vó

A narrativa se baseia em uma história real e é centrada em Joe (Vince Vaughn). Depois de perder a mãe, Joe tenta se reconectar com a memória dela refazendo suas antigas receitas. Daí ele tem a ideia de usar o dinheiro que sua mãe lhe deixou para abrir um restaurante focado em celebrar essa comida italiana caseira, trazendo “nonas” italianas para cozinharem com ele. Assim ele recruta um time formado por Gia (Susan Sarandon), Teresa (Talia Shire, a eterna Adrian da franquia Rocky), Antonella (Brenda Vaccaro) e Roberta (Lorraine Bracco).

Apesar de boas cozinheiras, a personalidade forte dessas senhoras as coloca em conflito, criando problemas no restaurante. As dificuldades também vem do lado financeiro, já que Joe não tem muita experiência com negócios e mesmo com o auxílio do melhor amigo, Bruno (Joe Manganiello), as contas do restaurante não fecham. É tudo bem típico desse tipo de história, sendo bem previsível que as senhoras irão eventualmente dialogar e perceber as dificuldades que cada uma teve que superar e vão cooperar umas com as outras.

O que conquista é o peso emocional que cada uma das atrizes consegue dar a suas personagens, nos fazendo sentir como elas são um produto de tudo com que tiveram de lidar ao longo de suas trajetórias e no senso verdadeiro de amizade que se desenvolve entre elas. É também um retrato bem sincero e afetuoso de comunidades de ítalo-descendentes (diferente de estereótipos presentes em filmes como Amor em Little Italy) e de como o ato de cozinhar não tem apenas a ver com comer e sim com um senso de comunidade e afeto. Como alguém que vem de uma família de descendentes de italianos, acompanhar um ambiente de cozinha repleto de senhoras italianas idosas berrando umas com as outras me fez sentir em casa.

Empreendedorismo performático

O arco de Joe e os desafios do restaurante, bem como sua tentativa de se reaproximar de sua antiga paixão de infância, Olivia (Linda Cardellini), por outro lado, é bem menos interessante. A trama romântica com Olivia se desenvolve de maneira muito fácil e sem muito drama. Já a narrativa do restaurante segue a fórmula desse tipo de história de superação, fazendo parecer que tudo é uma questão de força de vontade a acreditar no próprio negócio, como isso por si só fizesse qualquer obstáculo sumir.

Não importa qual o problema que apareça, ele vai ser rapidamente resolvido por algum deus ex machina do roteiro como que conjurado pelo simples fato de que Joe quer que o negócio dê certo. Em muitos casos a própria narrativa deixa explícito que Joe sequer sabe o mínimo de como gerir um restaurante (incluindo conhecimento de códigos ou regulamentos) e faz parecer que esses problemas são culpa dos outros e não do sujeito que não se preparou para gerir um negócio que abriu por vontade própria.

Felizmente, o elenco de atrizes veteranas dá suficiente alma e coração a Nonnas que a produção consegue trazer o conforto de um almoço de domingo na casa da avó mesmo que seja uma refeição que já consumimos inúmeras vezes.


Nota: 6/10


Trailer

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Rapsódias Revisitadas – Temos Papa

 

Análise – Temos Papa

Review - Habemus Papam
Lançado em 2011 e dirigido por Nanni Moretti, Temos Papa (Habemus Papam no original) reflete sobre o peso de ocupar um cargo tão poderoso e influente como o de Papa. O filme traz consigo uma tentativa de lembrar que por mais solene que seja o processo de eleição de um novo pontífice, aqueles envolvidos e o próprio escolhido são pessoas com seus próprios problemas dúvidas e inseguranças.

Papa em pânico

A trama começa com o falecimento do atual Papa e a necessidade de um conclave para eleger um novo líder da Igreja Católica. Durante a eleição o cardeal Melville (Michel Piccoli) é escolhido como Papa apesar de não estar entre os mais cotados. No momento em que ele está prestes a ser apresentado ao mundo, no entanto, o novo Papa tem um ataque de pânico e não consegue sair na sacada. Sem um novo papa, o processo do conclave não é concluído e os cardeais são obrigados a continuarem isolados.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Crítica – Pecadores

 

Análise Crítica – Pecadores

Review – Pecadores
Dirigido por Ryan Coogler (responsável por Pantera Negra, Creed e Fruitvale Station), Pecadores lembra um pouco Um Drink no Inferno (1996) ao contar a história de um grupo de pessoas presas em um bar na beira da estrada tomado por vampiros enquanto eles tentam sobreviver até o amanhecer. As semelhanças, no entanto, ficam só na premissa básica, já que Pecadores tem questões bem diferentes de como pensa os vampiros e nas relações entre seus personagens.

A voz suprema do blues

A narrativa se passa nos Estados Unidos da década de 1930. Os gêmeros Fumaça e Fuligem (ambos Michael B. Jordan) retornam para sua pequena cidade no Mississipi para abrirem um clube de blues usando o dinheiro que ganharam dos gângsteres de Chicago. Eles recrutam o primo Sammie (Miles Catton) para tocar no clube por conta do talento do garoto, apesar do pai de Sammie, um pastor de igreja não querer que ele se envolva com música que não seja gospel. A música tocada por Sammie é tão poderosa que é capaz de acessar o mundo espiritual e chama a atenção do vampiro Remmick (Jack O’Connell), que decide atacar o local para devorar Sammie e absorver seu poder.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Crítica – The Pitt

 

Análise Crítica – The Pitt

Review – The Pitt
Nunca fui muito de acompanhar séries médicas. No máximo acompanhei algumas temporadas de House por conta de sua estrutura de mistério e investigação que remetia a uma dinâmica de histórias do Sherlock Holmes. The Pitt, no entanto, chamou minha atenção pela sua forma de contar a história, acompanhando um plantão de emergência em tempo real, com cada episódio cobrindo uma hora de plantão. O resultado é algo que soa como uma mistura de Plantão Médico com 24 Horas, mas acaba sendo mais do que uma mera combinação de elementos conhecidos.

Sob pressão

A série acompanha um turno do plantão de emergência de um hospital em Pittsburgh que é liderado pelo Dr. Michael “Robby” Robinavitch (Noah Wyle, veterano da série Plantão Médico). Robby comanda a equipe formada por médicos, enfermeiros, residentes e estudantes de medicina, lidando não só com a urgência de casos complicados, mas com os recursos limitados do hospital.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Crítica – O Deserto de Akin

 

Análise Crítica – O Deserto de Akin

Review – O Deserto de Akin
Não me lembro de outra produção brasileira antes deste O Deserto de Akin que tenha explorado o programa Mais Médicos e a vinda de médicos cubanos para o Brasil. Apesar de ter sido um assunto que tomou a esfera pública por um bom tempo, não tenho lembrança de muitas outras produções brasileiras sobre o tema.

Deserto particular

A trama é centrada em Akin (Reynier Morales), um médico cubano trabalhando no interior do Espírito Santo que vai aos poucos se conectando ao local e é afetado pela mudança no programa e no governo brasileiro depois de 2018. Ele não tem muitas amizades fora do trabalho, tendo em Érica (Ana Flávia Cavalcante) sua única conexão afetiva. Logo a dupla também agrega Sérgio (Guga Patriota), cozinheiro pernambucano que, assim como Akin, se sente solitário e deslocado no local.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Crítica – Ainda Não é Amanhã

 

Análise Crítica – Ainda Não é Amanhã

Review – Ainda Não é Amanhã
O tabu em volta do aborto muitas vezes reduz a discussão em torno dele como uma discussão meramente de cunho moral. Isso impede que o problema seja visto como uma questão de saúde pública ou que se discuta outras facetas do problema. Nesse sentido, a produção pernambucana Ainda Não é Amanhã traz uma reflexão mais ampla sobre o tema ao pensar no ambiente inseguro que a proibição do aborto cria para as mulheres.

Alternativas limitadas

A narrativa é protagonizada por Janaína (Mayara Santos), uma jovem que mora com a mãe e a avó na periferia de Recife. Janaína é uma aplicada estudante de direito e namora com Jefferson (Mário Victor), que vive de fazer entregas com sua bicicleta. Quando Janaína descobre estar grávida de Jefferson ela começa a ver seus prospectos de futuro diminuírem e começa a analisar as opções limitadas que tem para resolver a questão.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Crítica – The White Lotus: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – The White Lotus: 3ª Temporada

Review – The White Lotus: 3ª Temporada
Chegando em sua terceira temporada, a série de antologia The White Lotus encontra aqui suas tramas menos interessantes. Muito se falou da cadência lenta deste terceiro ano, mas a verdade é que a série sempre desenvolveu seus conflitos em um cozimento lento. As tensões se construíam de maneira deliberada em pequenos gestos, falas sutis que iam se acumulando até estourarem em conflitos. Não é esse o problema real do terceiro ano. O que torna a temporada mais recente inferior às demais é que a maioria dos conflitos ou desdobramentos termina soando superficial, mal construída ou uma repetição de outras temporadas.

Ilha da fantasia

A temporada se passa na Tailândia e apresenta um novo grupo de hóspedes como o trio de amigas Kate (Leslie Bibb), Laurie (Carrie Coon) e Jacklyn (Michelle Monaghan) que estão em uma viagem para curtir, mas acabam desenterrando antigos ressentimentos. Rick (Walton Goggins) chega com a namorada Chelsea (Aimee Lou Wood, de Sex Education), mas esconde dela que está lá para uma vingança pessoal. O rico empresário Timothy Ratliff (Jason Isaacs) está com sua família, a esposa dondoca Victoria (Parker Posey), os filhos Saxon (Patrick Schwarzenegger) e Lochlan (Sam Nivola), e a filha Piper (Sarah Catherine Hook). Retornando da primeira temporada está Belinda (Natasha Rothwell) que vai para a Tailândia aprender novas técnicas de massagem, mas reencontra figuras do passado.

sábado, 5 de abril de 2025

Crítica – Centro Ilusão

 

Análise Crítica – Centro Ilusão

Review – Centro Ilusão
Escolher viver de arte não significa que a arte irá escolher você. Independente do talento é possível amargar sucesso e anonimato por muito tempo e muita gente abandona essa busca artística por conta de desilusões. Centro Ilusão trata exatamente disso, do quanto o mundo da arte pode te mastigar e cuspir de volta e de onde é possível encontrar ânimo para continuar.

Música errante

A narrativa acompanha dois músicos que se conhecem na seleção para um laboratório musical. Kaio (Bruno Kunk) é um jovem músico que vê no laboratório a chance de finalmente poder atuar profissionalmente como músico ao invés de tocar na rua passando o chapéu. Tuca (Fernando Catatau) é um homem de meia idade que a despeito do talento nunca decolou como músico e vê no laboratório uma última chance. Enquanto aguardam o resultado da seleção, ambos perambulam pelo centro de Fortaleza conversando sobre suas experiências.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Crítica – Holland

 

Análise Crítica – Holland

Review – Holland
Depois de um interessante primeiro longa em Fresh (2022), a diretora Mimi Cave nos traz este Holland, que tenta construir uma atmosfera de mistério e estranhamento, mas que termina sendo mais uma história sobre como a idílica vida de classe média em uma pequena cidadezinha estadunidense pode ser mais sombria do que parece. É uma produção que atira em várias direções ao mesmo tempo e que não é certeira em nenhuma, dependendo do carisma de Nicole Kidman para manter tudo coeso.

Perfeição artificial

A narrativa é protagonizada por Nancy (Nicole Kidman), uma dona de casa na pequena cidade de Holland, um lugarejo no interior dos Estados Unidos que tenta emular o estilo de vida na Holanda. Ela tem uma vida aparentemente pacata ao lado do marido, Fred (Mathew Macfadyen), e do filho, Harry (Jude Hill). Essa existência aparentemente perfeita é maculada quando Nancy descobre papeis relativos as viagens de trabalho do marido que provam que ele não ia para as cidades que dizia que ia. Imediatamente Nancy começa a investigar os hábitos de Fred e alista o colega de trabalho Dave (Gael Garcia Bernal) para ajudá-la. Ao curso da investigação os dois se aproximam ao mesmo tempo em que descobrem coisas sombrias a respeito de Fred.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Ruptura: 2ª Temporada

Review – Ruptura: 2ª Temporada
Depois de três anos da excelente primeira temporada, Ruptura finalmente volta para seu segundo ano com uma trama que amplia os conflitos de seus personagens e aprofunda a mitologia de seu universo, explorando mais o passado da Lumon e do processo de ruptura.

Trabalho interno

Depois dos eventos do fim do primeiro ano Mark (Adam Scott) volta a trabalhar refinando macrodados na Lumon. Seu interno não sabe como voltou para lá nem o que aconteceu no mundo exterior depois que conseguiram visitá-lo, mas sabe que sua esposa ainda está viva em algum lugar na empresa e tenta encontrá-la com a ajuda dos colegas Irv (John Turturro), Dylan (Zach Cherry) e Helly (Britt Lower), por quem está apaixonado. A saída deles também impacta no modo como a Lumon lida com os funcionários que passaram por ruptura, anunciando mudanças que supostamente vão melhorar a qualidade de vida deles.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Crítica – Um Completo Desconhecido

 

Análise Crítica – Um Completo Desconhecido

Review – Um Completo Desconhecido
Um dos melhores filmes biográficos que já assisti é Não Estou Lá (2007), de Todd Haynes. É uma biografia do cantor Bob Dylan que não o cita nominalmente e não usa sua música, mas trás vários segmentos em que atores e atrizes diferentes interpretam personagens que representam as diferentes fases da carreira e da vida de Dylan. É uma obra abrangente, que nos faz entender as multidões que Dylan continha em si e tudo o que o movia. Por isso não fiquei interessando quando soube desde Um Completo Desconhecido, já que dificilmente ele estaria no mesmo patamar que o filme de Haynes.

Registro mimético

A trama segue Bob Dylan (Timothee Chalamet) desde sua chegada a Nova Iorque em 1961 até o lançamento de Like a Rolling Stone no qual ele se distancia de boa parte de seus padrinhos artísticos da música folk. É uma biografia que mais está interessada em narrar os eventos da trajetória do cantor do que realizar qualquer tipo de estudo de personagem ou chegar a um entendimento maior de quem é Dylan e o que movia a construção de sua arte, se limitando a dizer que Dylan não gostava de ficar estagnado.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Crítica – A Ordem

 

Análise Crítica – A Ordem

Review – A Ordem
Olhar para o passado pode nos permitir analisar o presente. É isso que A Ordem faz ao contar a história real da investigação do FBI que desbaratou um grupo neonazista que estava acumulando fundos para tentar fomentar um golpe de estado na década de 80. Por mais que seja uma trama sobre eventos que aconteceram há quarenta anos, o filme não deixa também de pensar em como isso impacta na contemporaneidade.

Guerras secretas

A trama se passa em 1983 e acompanha o agente do FBI Terry Husk (Jude Law), que é enviado para reestruturar um escritório do FBI no interior de Idaho. É aparentemente um posto vazio, sem muita ação, algo que Husk deseja para poder ter a chance de se reconectar com a esposa e a filha. As coisas, no entanto, não continuarão tranquilas. Um policial local, Jamie (Tye Sheridan), avisa Husk de suas suspeitas de que a onda de assaltos a banco e roubos de carro forte que assolam a região podem estar conectadas a grupos neonazistas que estão acumulando recursos para planejar alguma grande ação.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

 

Análise Crítica – Better Man: A História de Robbie Williams

Review – Better Man: A História de Robbie Williams
Conheço muito pouco da trajetória do cantor Robbie Williams, então não estava particularmente curioso para este Better Man: A História de Robbie Williams. Como foi feito com a participação direta do cantor, que inclusive interpreta a si mesmo, temi que fosse aquele tipo de biografia chapa branca que existe só para divulgar as músicas do artista e foge de polêmicas como I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston (2022). Felizmente não é esse o caso e o filme abraça as contradições e problemas de seu protagonista com uma autoanálise bem consciente que me remeteu a Rocketman (2019).

Trajetória selvagem

A trama segue a trajetória de Robbie desde sua infância, passando pelo início da fama com a boy band Take That, sua carreira solo e seus problemas pessoais com drogas, além da relação complicada que tem com o pai. Robbie interpreta a si mesmo, mas não está exatamente em cena, já que ao invés do corpo do cantor temos um macaco antropomórfico. A ideia de colocar Williams como macaco é uma tentativa de ilustrar a insegurança e senso de deslocamento do artista, que sempre se viu como um pária, alguém que não pertencia ao lugar onde estava, inseguro do próprio valor e se vendo como uma criatura mais primitiva.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Crítica – Nickel Boys

 

Análise Crítica – Nickel Boys

Review – Nickel Boys
De certa forma Nickel Boys se conecta bastante a outro filme indicado ao Oscar esse ano, o documentário Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno (2024). Os dois falam de instituições de ensino cujo objetivo deveria ser reformar ou integrar seus internos, mas que serviram apenas de instrumento de opressão e genocídio contra membros de minorias, indígenas em Sugarcane e negros aqui. São dois filmes que lembram como os Estados Unidos tratam essas minorias como cidadãos de segunda classe cujas vidas não importam.

Olhar em perspectiva

A trama adapta o romance homônimo de Colson Whitehead e se passa na Flórida da década de 1960. Elwood (Ethan Herisse) é um promissor jovem negro que está a caminho de um programa de estudos avançados. Na viagem ele pega carona com um desconhecido que é parado pela polícia e descobre que o carro é roubado. Preso como cúmplice Elwood é enviado para o Reformatório Nickel onde conhece Turner (Brandon Wilson). Os dois se tornam amigos e tentam sobreviver à crueldade do local, no qual castigos físicos e torturas são elementos do cotidiano. O reformatório foi baseado na Escola Dozier que operou por mais de um século na Flórida com um amplo histórico de abuso.