Entrando numa Fria
A trama é protagonizada por Otávio (Leandro Hassum), cuja filha, Mariana (Julia Svaccina), está para conseguir uma bolsa para estudar música na Europa, mas Otávio não aprova que a filha vá para longe e a deixe sozinho cuidando do restaurante da família. Eles brigam, mas ela vai mesmo assim. Anos depois, já formada, Mariana retorna e traz consigo a novidade de que irá casar com um rapaz que conheceu na Europa. O jovem, no entanto, não é europeu, mas argentino e Mariana organiza uma viagem de sua família para Bariloche para conhecer a família do noivo. Logicamente Otávio não aprova a união e isso causará muitas confusões.
De cara o conflito entre pai e filha não funciona porque a narrativa não dá tempo para estabelecer a motivação de Otávio. Mal chegamos aos cinco minutos de filme e ele já está menosprezando o sonho da filha e torcendo para que ela fracasse sem ter estabelecido a insegurança, o apego e o temor que a separação lhe causa. Como nada disso é construído Otávio soa menos como um pai já traumatizado por perdas (a mãe de Mariana é falecida) e mais como um babaca que quer impor sua vontade à filha. Quando ela volta, Otávio promete que as coisas serão diferentes, mas obviamente não cumpre, quase como se a passagem de tempo e a distância da filha não tivesse causado nenhum efeito sobre ele.
A trama progride de maneira similar às comédias do Adam Sandler, com o protagonista agindo como um completo escroto com todos ao seu redor e quando as pessoas se fartam de sua conduta insuportável ele se faz de coitado e realiza um grande pedido público de desculpas que resolve tudo muito facilmente. Não só é previsível, como não é particularmente engraçado, já que o humor se resume a berrar todas as frases cômicas, como se isso as tornasse automaticamente engraçadas.
Bairrismo datado
Esse tipo de encenação histérica, gritada, ainda é prejudicada pelo texto cômico em si. As situações humorísticas se constroem em clichês datados a respeito das rivalidades entre Brasil e Argentina, com piadas batidas sobre a conduta dos portenhos ou situações forçadas envolvendo falsos cognatos entre português e espanhol. A impressão é que o humor do filme saiu de algum livro de piadas escrito pelo Ary Toledo na década de oitenta.
São sempre os mesmos clichês
sobre o esnobismo argentino que reduzem a trama a um filme de uma piada só,
sendo que a piada sequer é boa. Como o humor não faz rir, os personagens não são
interessantes e as guinadas na trama são previsíveis (é óbvio, por exemplo, que
Otávio está errado a respeito do noivo de Mariana a estar traindo com uma ex)
que a única coisa a ser extraída de Família,
Pero no Mucho é tédio.
Nota: 2/10
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