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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Crítica – Pinóquio

 

Análise Crítica – Pinóquio

Review Crítica – Pinóquio
Dirigido por Guillermo del Toro, esta nova versão de Pinóquio sai meses depois que a Disney lançou mais um insosso remake live action de sua versão animada. A de del Toro, por sua vez, se sai melhor tanto por sua estética stop motion peculiar como pelos temas que agrega ao conto originalmente escrito por Carlo Collodi.

A trama se passa na Itália sob o regime fascista de Mussollini. Em plena guerra, Gepetto perde o filho depois que sua pequena vila é bombardeada. Devastado pelo trauma, o carpinteiro decide recriar a aparência do filho em um boneco de madeira e um espírito da floresta decide dar vida ao boneco. Agora Gepeto precisa cuidar do travesso Pinóquio, mas ele ainda enxerga o filho no boneco.

O conto original era uma fábula moral sobre infância, educação e consciência, mas aqui além desses temas del Toro também se debruça sobre questões um pouco mais adultas e sombrias. Não seja um filme desaconselhável para crianças, não há nada aqui de muito explícito em termos de violência ou linguajar, no entanto, certos temas provavelmente vão ressoar mais com adultos do que com os pequenos.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

 

Análise Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

Review – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder
Confesso que não estava exatamente empolgado para este O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. Depois da decepcionante tentativa de forçar O Hobbit em uma trilogia, fazer uma série baseada nas lacunas da mitologia de Tolkien ou em um período sobre o qual ele escreveu de forma passageira em O Silmarillion tinha cara de que poderia dar muito errado. Mesmo a noção de que o espólio de Tolkien daria consultoria e acompanharia mais de perto a produção fez pouco para mudar minhas ressalvas. Felizmente o resultado é fiel ao espírito das narrativas e universo criados por Tolkien e ainda que tenha seus momentos de tomar algumas liberdades com elementos estabelecidos do cânone é, em geral, coerente com o material original.

A trama se passa durante a Segunda Era da Terra-Média. Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, foi derrotado e o continente vive em uma aparente paz. Galadriel (Morfydd Clark), no entanto, crê que a guerra ainda não acabou. Sauron, principal discípulo de Morgoth, segue vivo e Galadriel varre o continente em busca dele. Ao mesmo tempo, orques começam a se mobilizar nas terras do sul, ameaçando a população humana que ali vive. Em outra parte do continente, o cotidiano pacífico dos hobbits é alterado quando um Estranho (Daniel Weyman) cai dos céus.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Crítica – Era Uma Vez um Gênio

 

Análise Crítica – Era Uma Vez um Gênio

Review – Era Uma Vez um Gênio
Depois do apocalipse de Mad Max: Estrada da Fúria (2015), o diretor George Miller resolve explorar o poder da fábula em Era Uma Vez um Gênio, adaptando um romance escrito por A.S Byatt. É uma trama que explora o quanto a fabulação e arte são importantes em nossa vida, ainda que muitas vezes subestimemos esses elementos.

A trama é protagonizada por Alithea (Tilda Swinton) que em uma viagem para a Turquia liberta um Djinn (Idris Elba) preso na garrafa. Agora a criatura se oferece para conceder três desejos a Alithea em troca da liberdade dele, mas Alithea não sabe o que pedir. O Djinn então começa a narrar suas desventuras ao longo dos últimos três mil anos.

O filme chama atenção pela construção visual das fábulas contadas pelo Djinn, cheias de elementos singulares e que nos conquistam pela capacidade de imaginação dos realizadores em conceber tudo aquilo. A tramas em si envolvem pelo modo como elas se costuram uma na outra, como pequenas ações causam repercussões que serão sentidas séculos depois e irremediavelmente mudam a trajetória do Djinn e das pessoas com as quais ele se envolve. O próprio visual do Djinn, com extremidades douradas, palmas vermelhas e uma constante fumaça ao seu redor convencem de que estamos diante de uma criatura que, como ele mesmo diz, é feita de fogo e poeira.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Crítica – Sandman

 

Análise Crítica – Sandman

Review – Sandman
Não tenho muita familiaridade com os quadrinhos de Sandman escritos por Neil Gaiman apesar de já ter ouvido bastante sobre ele e lido algumas histórias soltas. O anúncio de uma série baseada nele me deixou curioso e igualmente cauteloso considerando o quanto Deuses Americanos, outra série baseada em obra de Gaiman, desandou rápido depois de um começo promissor. Aparentemente Gaiman se fez mais presente durante Sandman justamente para evitar os problemas que Deuses Americanos teve.

Na trama, Sonho (Tom Sturridge) é um dos perpétuos, seres que controlam aspectos chave da nossa realidade. Ele reina sobre o Sonhar, dimensão na qual os seres humanos vão quando estão sonhando, e tem pleno domínio sobre nossos sonhos e pesadelos. Preso por humanos durante um ritual de magia que dá errado, Sonho passa quase todo o século XX em cativeiro. Quando finalmente escapa descobre que seu reino ficou em ruínas, os sonhos e pesadelos escaparam para o mundo material e seus objetos de poder estão na mão de humanos. Assim, Sonho parte em uma busca para reconstruir seu reino e seu poder.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Crítica – Palm Springs

 

Análise Crítica – Palm Springs

Review – Palm Springs
A demora de Palm Springs em receber um lançamento oficial no Brasil é um daqueles casos inexplicáveis de distribuidoras e plataformas digitais deixando um filme ótimo (e bastante elogiado lá fora) passar enquanto catálogos digitais e salas de cinema recebem porcarias. A essa altura muita gente que estava ciente do filme provavelmente já viu pirateado por conta da demora em chegar aqui, então as instâncias de distribuição só tem a perder demorando de trazer um filme para nosso mercado.

Na trama, Nyles (Andy Samberg) é um sujeito despreocupado que tenta aproveitar o casamento de uma amiga da namorada quando conhece a dama de honra Sarah (Cristin Milioti). Os dois passam a noite conversando até o ponto em que Nyles é perseguido por um estranho homem e Sarah tenta ajudá-lo, mas acaba atravessando um estranho portal dentro de uma caverna. Para a surpresa de Sarah, ela acorda de volta no dia do casamento da irmã e descobre não apenas que está em um loop temporal, mas que Nyles está há tempos preso nesse mesmo loop. Assim, os dois tentam pensar em como quebrar o ciclo ao mesmo tempo em que tentam experimentar essa vida sem consequências.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Crítica – Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

 

Análise Crítica – Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

Review – Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
Depois da recepção e bilheteria abaixo do esperado de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (2018), a Warner decidiu adiar o terceiro filme da saga para reestruturar os planos. Outros atrasos aconteceram por conta da pandemia, mas a ideia do estúdio reconhecer o erro e repensar o caminho dava esperança de que este terceiro filme, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, poderia finalmente acertar.

Na trama, uma eleição está para decidir a nova liderança do mundo bruxo e Grindelwald (Mads Mikkelsen) planeja controlar o pleito a seu favor. Por sua vez Dumbledore (Jude Law) percebe que não pode mais acompanhar de longe a ascensão do rival e bola um plano que envolve Newt Scamander (Eddie Redmayne), Kowalski (Dan Fogler) e outros aliados.

A primeira coisa que chama atenção é o quão inconsequentes a maioria dos personagens são para a trama. Personagens são presos, resgatados, atentados são feitos e nada disso faz qualquer diferença. Se no anterior os personagens ao menos tinham algum arco dramático, como a jornada de Newt em compreender o imperativo moral de enfrentar o fascismo, aqui ninguém tem qualquer narrativa própria, passa por qualquer transformação ou aprendizado. Tirando Dumbledore e Grindelwald nenhum deles soa necessário para a trama. Alguns personagens, como o irmão de Newt (tão sem personalidade que nem me lembro o nome), poderiam ser limados completamente que não faria diferença.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Crítica – A Lenda do Cavaleiro Verde

 Análise Crítica – A Lenda do Cavaleiro Verde


Review – A Lenda do Cavaleiro Verde
Baseado em um poema épico que remete aos mitos arturianos e que tratava sobre virtude, este A Lenda do Cavaleiro Verde revisa o material original conseguindo tocar em temas semelhantes. O diretor David Lowery já tinha produzido meditações sobre a existência humana no excelente Sombras da Vida (2017) e aqui remete à lendas de outrora para ponderar a humanidade que há por trás dos mitos.

Na trama, Gawain (Dev Patel) é um jovem que sonha em se tornar cavaleiro. Durante as comemorações de Natal a corte é visitada pelo estranho Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) que propõe um desafio: um cavaleiro deveria tentar atacá-lo, se conseguisse dentro de um ano o Cavaleiro Verde retribuiria o golpe com a mesma intensidade. Gawain rapidamente corta a cabeça do desafiante, imaginando ter vencido, mas o Cavaleiro Verde se levanta e avisa que estará esperando por ele dentro de um ano. Agora Gawain precisa viajar rumo ao seu destino.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Crítica – The Witcher: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – The Witcher: Segunda Temporada

Review – The Witcher: Segunda Temporada
A primeira temporada de The Witcher era uma competente introdução ao universo criado nos livros de Andrzej Sapkowski, mas se atrapalhava com uma estrutura narrativa de múltiplas temporalidades que tinha dificuldade de comunicar ao espectador onde e quando na trama estávamos, algo agravado pelo fato de que muitos personagens não envelhecem, dificultando essa localização temporal. Pois esta segunda temporada corrige esse problema, apresentando uma narrativa mais linear ainda que tenha alguma parcela de problemas.

A trama segue do ponto em que o ano anterior parou, com Geralt (Henry Cavill) encontrando Ciri (Freya Allan). Sabendo do perigo que Ciri corre, Geralt decide levá-la para Kaer Morhen, a fortaleza ancestral dos bruxos liderada por Vesemir (Kim Bodnia), mentor de Geralt. Ao mesmo tempo, Yennefer (Anya Chalotra) lida com as consequências da batalha em Cintra, tendo perdido seus poderes mágicos e buscando recuperá-los. Cientes do poder de Ciri, diferentes reinos e monarcas buscam encontrar a garota.

A companhia de Ciri beneficia o desenvolvimento de Geralt enquanto personagem, obrigando ele a se abrir mais, tirando o bruxo de seu estoicismo rígido cuja comunicação se dava principalmente através de grunhidos (algo que acabou virando meme). Assim, a temporada nos permite ver outra faceta de Geralt conforme ele começa a desenvolver uma preocupação genuína pela garota e eles começam a forjar uma relação de pai e filha. A presença de Vesemir também permite que vejamos outras facetas de Geralt conforme ele interage com o mentor a quem tem como pai.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Crítica – Mestres do Universo Salvando Etérnia: Parte 2

 

Análise Crítica – Mestres do Universo Salvando Etérnia: Parte 2

Review Crítica – Mestres do Universo Salvando Etérnia: Parte 2
A primeira parte de Mestres do Universo: Salvando Etérnia era muito melhor do que tinha qualquer direito de ser. Explorava as relações entre os personagens principais e como anos de batalhas entre He-Man e o Esqueleto afetaram os vários heróis e vilões da série. Essa segunda parte tinha a difícil missão de manter o mesmo nível e também dar conta satisfatoriamente o surpreendente ganho da primeira parte.

Essa segunda parte começa do ponto em que a anterior parou. Esqueleto consegue a Espada do Poder e se transforma em uma versão mais poderosa de si. Maligna toma o lugar da Feiticeira no Castelo de Grayskull e o príncipe Adam está gravemente ferido depois de um ataque do Esqueleto. Os heróis devem se reagrupar e decidir como lidar com essa versão mais poderosa  do Esqueleto ao mesmo tempo em que uma novas crises surgem.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Crítica – The Witcher: A Lenda do Lobo

 

Análise Crítica – The Witcher: A Lenda do Lobo

Review – The Witcher: A Lenda do Lobo
Ainda que tenha sua parcela de problemas, a primeira temporada de The Witcher foi um grande sucesso para a Netflix, então era de se esperar que o serviço de streaming fosse expandir isso em novas temporadas da série e também em outros produtos. O longa animado The Witcher: A Lenda do Lobo vai exatamente nessa direção, contando uma história que se passa séculos antes de Geralt, focando em Vesemir, que se tornaria o mentor do conhecido bruxo de Rívia.

A trama conta a origem de Vesemir, mostrando como ele se tornou bruxo e também como a Escola do Lobo chegou próxima ao fim. Alternando entre passado e presente, vemos a infância do protagonista e o presente enquanto ele se envolve em uma conspiração para eliminar os bruxos da fortaleza ancestral de Kaer Morhen.

A narrativa toca em temas que são comuns às histórias protagonizadas por Geralt, como o preconceito, as desigualdades de classe e o fato de que muitos humanos são mais vis do que qualquer monstro irracional. Tudo isso está presente aqui conforme Vesemir deixa sua vida pobre para se tornar um bruxo e encontra Tetra, uma feiticeira movida por vingança que deseja eliminar os bruxos. Não há nada que nos dê uma compreensão mais profunda sobre isso que já não tenhamos visto na série principal, mas ao menos serve para ampliar o que sabemos sobre a história desse universo.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Crítica – Cinderela (2021)

 

Análise Crítica – Cinderela (2021)

Review – Cinderela (2021)
Esta nova versão de Cinderela soa como uma tentativa da Amazon de produzir um conteúdo semelhante ao da Disney (sendo que eles fizeram seu próprio Cinderela em live action em 2015), mas a produção estrelada por Camila Cabello não consegue sair da sombra da casa do Mickey. A trama até tem boas ideias, o problema é que a estrutura de musical contado a partir de números com novas versões de canções famosas não consegue ter personalidade suficiente para encantar.

Na trama, Ella (Camila Cabello) é uma jovem que sonha em se tornar estilista e vender vestidos por todo o mundo, mas seus sonhos vão de encontro à realidade do reino, no qual mulheres apenas servem para serem esposas e donas de casa. Ela é constantemente maltratada pela madrasta, Vivian (Idina Menzel), que deseja arrumar bons maridos para as duas filhas. Enquanto isso, o rei Rowan (Pierce Brosnan) quer que o filho, o príncipe Robert (Nicholas Galitzine) encontre uma esposa para que ele possa ser anunciado como o próximo rei.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Crítica – Monster Hunter

 

Análise Crítica – Monster Hunter

Review - Monster Hunter
É impressionante como Monster Hunter pega um jogo de videogame sobre caçar monstros gigantes com armas absurdas e consegue tornar isso tão entediante. Muito vem das escolhas de tornar esse universo e personagens coadjuvantes em seu próprio filme, mas no cerne está um problema que tem sido comum em Hollywood nos últimos anos: o de que tudo precisa virar uma franquia com múltiplas continuações.

Por conta disso produzem algo cuja história não se desenvolve, o universo é frouxamente construído e há pouca ou nenhuma conclusão para trama, tudo pela promessa de que vão haver mais filmes. Isso deu problemas para Animais Fantásticos (a despeito da bilheteria razoável) e afundou Warcraft (2016) ou o recente Mortal Kombat (2021) tornando-os em produtos que pareciam trailers estendidos sem unidade narrativa. O mesmo sentimento está presente aqui em Monster Hunter.

Na trama, a comandante Artemis (Milla Jovovich) e sua tropa são pegos em uma estranha tempestade durante uma missão e são transportados para um mundo repleto de monstros gigantes. Lá eles são auxiliados pelo Caçador (Tony Jaa) e precisam descobrir como voltar para o mundo deles.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Crítica – Mestres do Universo: Salvando Etérnia

 

Análise Crítica – Mestres do Universo: Salvando Etérnia

Review – Mestres do Universo: Salvando Etérnia
É surpreendente o quanto esta primeira temporada de Mestres do Universo: Salvando Etérnia funciona bem. Considerando que a animação original do He-Man foi criada apenas para divulgar e dar visibilidade a uma linha de bonecos, ver que isso chegou até aqui capaz de gerar uma narrativa com personagens tão bem construídos e um universo tão coeso é um feito admirável. Aqui o mérito provavelmente cai sobre os ombros do produtor e roteirista Kevin Smith, que sempre demonstrou afeto por esse universo e aqui constrói uma trama que nunca se resume a mero fanservice ou um apelo raso à nostalgia, preferindo ir além do que produções anteriores estabeleceram sobre este mundo.

Na trama o Esqueleto lança um ataque derradeiro ao Castelo de Grayskull para obter o poder mágico em seu núcleo. Durante a batalha o núcleo é destruído, junto com a Espada do Poder que permitia o príncipe Adam se transformar em He-Man, praticamente acabando com a magia de Etérnia. Agora os heróis e vilões que sobreviveram precisam se unir para restaurar a Espada do Poder e trazer a magia de volta antes que o planeta definhe por completo.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Crítica – Luca

 

Análise Crítica – Luca

Review – Luca
Quando escrevi sobre Soul (2020) mencionei a tradição da Pixar de pegar temas complexos e trazer discussões profundas sobre eles sem abrir mão da acessibilidade para um público amplo, inclusive para um público infantil. Falei também que, no caso de Soul, a discussão sobre vida, encontrar um propósito e aproveitar o tempo que temos era diluída pelo meio do filme que abandonava boa parte de seus temas para investir no humor do protagonista transformado em gato. Pois algo similar acontece neste Luca, que até tem metáforas bem construídas para falar sobre preconceito e autoaceitação, mas se perde em um miolo entediante.

A trama acompanha Luca, uma jovem criatura marinha que tem curiosidade em saber como é a vida na superfície. Um dia ele acidentalmente sai da água e descobre que assume uma forma humana quando não está molhado e decide explorar o mundo humano ao lado de Alberto, também um garoto monstro marinho que deseja se aventurar no mundo humano. O problema é que os humanos odeiam as criaturas marinhas, então eles precisam ter muito cuidado para não serem descobertos.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Crítica - Selva Trágica

Análise Crítica - Selva Trágica

Review - Selva Trágica
O realismo fantástico é bem comum na literatura latino-americana e o cinema dos países dessa região constantemente bebe nessa fonte. Este Selva Trágica, co-produção entre México, Colômbia e França, se vale de uma estrutura de realismo fantástico para contar um história que dialoga com a mitologia maia.

Na trama, Agnes (Indira Rubie Andrewin) é uma mulher que foge de um casamento arranjado atravessando a fronteira de Belize para o México se embrenhando na selva maia. Enquanto é caçada por homens britânicos, Agnes encontra um grupo de seringueiros fazendo goma a partir da seiva das árvores. Ela se refugia com eles tentando evadir seus perseguidores, mas coisas estranhas começam a acontecer e a jovem demonstra ser mais do que apenas uma mulher indefesa.

A maneira como a diretora Yulene Olaizola filma a selva confere um clima de mistério ao lugar ao mesmo tempo em que dá a ele uma dimensão esplendorosa e presta reverência à imensidão verde do lugar. Ela olha para essas paisagens e eventos sem pressa, com a trama se desenvolvendo em um ritmo bem deliberado, mas provida de uma atmosfera de estranhamento e deslumbre sempre presente. Essa reverência à natureza e a noção de que talvez o homem não deveria interferir tanto nela é reforçada pelas narrações no idioma maia que intercalam algumas cenas. Essas narrações contam a história de Xtabay, uma espécie de espírito da floresta de aparência feminina que atrai os homens e os faz se perderem pela selva.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Crítica – Castlevania: 4ª Temporada

 Análise Crítica – Castlevania: 4ª Temporada


Review – Castlevania: 4ª Temporada
Chegando em sua quarta e última temporada, Castlevania se sedimenta como a melhor adaptação audiovisual de um jogo de videogame. Mesmo que a trama fique um pouco à deriva às vezes, o texto nunca esquece o desenvolvimento de seus personagens e constantemente adiciona camadas a eles, tornando-os indivíduos complexos e interessantes de acompanhar.

Repercutindo os eventos da última temporada, acompanhamos Trevor (Richard Armitage) e Sypha (Alexandra Reynoso) vagando pelo país caçando aqueles que insistem em tentar ressuscitar Drácula (Graham McTavish). Ao mesmo tempo, Alucard (James Callis) sai de seu isolamento e desconfiança da humanidade para ajudar uma vila próxima que está sendo atacada por criaturas da noite, sem desconfiar que está sendo usado como parte de um complexo plano arquitetado pelo alquimista Saint Germain (Bill Nighy) para ressuscitar Drácula.

Reconstrução parece ser o tema central desta temporada. Conforme os personagens vão percebendo que, de um jeito ou de outro, seus planos e suas jornadas estão próximas ao fim, eles começam a pensar nas possibilidades de reconstruírem suas vidas ou nos próximos passos após o fim. Isso fica evidente na jornada de Isaac (Adetokumboh M'Cormack), que começa a pensar no que vai fazer após concluir sua vingança contra Hector (Theo James) e Carmilla (Jaime Murray), usando suas habilidades para reconstruir as cidades que deixou em ruínas e até ponderando sobre como as criaturas da noite são muito mais que máquinas de matar irracionais.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Crítica – Cidade Invisível

 

Análise Crítica – Cidade Invisível

Review – Cidade Invisível
Narrativas policiais e investigativas são costumeiramente calcadas em racionalidade, em um exame lógico-dedutivo de evidências para resolver um crime aparentemente sem explicação e demonstrar a onipotência da razão humana desvendar o mundo a nossa volta. A partir disso a ideia de misturar um gênero tão cartesiano e positivista com elementos de fantasia, como faz a série brasileira Cidade Invisível, poderia parecer contraprodutivo, mas não é a primeira vez que esses elementos convergem.

Tim Burton, por exemplo, já tinha misturado investigação e magia no bacana A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), a série Supernatural em suas primeiras temporadas tinha esse misto de investigação e sobrenatural e Sleepy Hollow, série também baseada nas histórias do Cavaleiro Sem Cabeça, igualmente caminhava por esses dois gêneros. É portanto, perfeitamente possível convergir esses dois elementos, mas a questão é: Cidade Invisível consegue trabalhar bem mescla? A resposta é um sonoro sim.

A trama é centrada em Eric (Marco Pigossi), um investigador da polícia ambiental do Rio de Janeiro que perdeu a esposa em um misterioso incêndio florestal em uma vila próxima ao Rio. Depois da morte da esposa Eric começa a se deparar com eventos estranhos, como um boto cor de rosa (um animal de água doce) aparecendo morto em uma praia carioca. A partir daí, Eric começa a perceber elementos que pareciam estar ocultos em nosso mundo e descobre que histórias do nosso folclore, como o Saci, a Cuca e o Curupira, na verdade são bem reais.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: 4ª Temporada

 Análise Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: 4ª Temporada


Review – O Mundo Sombrio de Sabrina: 4ª Temporada
Depois de uma ótima primeira temporada, O Mundo Sombrio de Sabrina experimentou duas temporadas irregulares até chegar neste quarto que foi anunciado como o último. Na época não sabia se era um final devidamente planejado como tal ou a Netflix simplesmente decidiu não continuar da série, mas depois de ver todo o quarto ano a impressão é de que foi a segunda opção, já que não parece a culminação de tudo que foi construído até aqui.

A trama começa no ponto em que a terceira parou, com Sabrina (Kiernan Shipka) se dividindo em duas para aproveitar o melhor dos dois mundos, com a Sabrina Spellman ficando em Greendale e indo para o colégio enquanto Sabrina Morningstar fica no inferno governando ao lado do pai, Lúcifer (Luke Cook). Enquanto isso, o Padre Blackwood (Richard Coyle) libera os Horrores Sobrenaturais, criaturas ancestrais de grande poder, trazendo uma nova ameaça a Greendale.

A ideia de duas Sabrinas poderia render um bom estudo de personagem para entender como ela precisa existir nesses dois mundo para ser quem é e se restringir a um deles a faria sentir incompleta. O início da temporada até toca nesses temas, com ela inventando uma assombração na escola só para que tenha uma ameaça para combater ao lado dos amigos. Conforme a temporada progride, no entanto, essas questões são deixadas de lado e a própria versão infernal de Sabrina acaba aparecendo muito pouco.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Crítica – Lovecraft Country (Parte 3)

 

Análise Crítica – Lovecraft Country (Parte 3)

Review – Lovecraft Country (Parte 3)
Nas duas partes anteriores da análise de Lovecraft Country falei como a série trabalhava com vários elementos típicos do terror e da fantasia para falar de elementos da experiência negra nos EUA. Avisamos que o texto abaixo contem SPOILERS.

A questão da brutalidade policial, por exemplo, aparece no oitavo episódio, que lida com o trauma coletivo da morte de Emmett Till, um brutal crime real que chocou (e choca ainda hoje) tanto pela violência do crime quanto pela sua motivação banal (ele supostamente teria assoviado para uma mulher branca) e pelo fato dos assassinos terem ficado impune.

A ideia de que as autoridades detêm um controle e poder sobre as vidas da população negra é ilustrada pelo arco de Dee (Jada Harris) ao longo do episódio. Amaldiçoada por um policial que faz parte do culto em busca do sangue de Tic, Dee começa a ser perseguida por duas entidades que se parecem como duas garotas gêmeas em blackface, maquiadas para reproduzirem traços da população negra de maneira caricatural e deturpada. A lógica da maldição se assemelha a da criatura de Corrente do Mal (2014), que não para de seguir o alvo até matá-lo, enquanto da ideia de alguém ser perseguido por um duplo deturpado remete a Nós (2018), do Jordan Peele, um dos produtores da série.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Crítica – Lovecraft Country (Parte 2)

Análise Crítica – Lovecraft Country (Parte 2)


Review – Lovecraft Country (Parte 2)
Na primeira parte do texto sobre Lovecraft Country, falei sobre como a série usava o terror e a fantasia para abordar os elementos das vivências negras nos EUA, usando monstros, assombrações, cultos e outros elementos como metáforas para processos de racismo, exploração e desigualdade social. Nessa segunda parte vou tentar observar como a série lida com questões de identidade e a construção de papeis sociais aferidos a negros ou a mulheres. Avisamos que o texto contem SPOILERS.

O quarto episódio continua a expandir o jogo que a série faz com certos elementos da ficção de horror, fantasia ou aventura ao inserir os personagens em uma trama que poderia tranquilamente ter saído de filmes como Indiana Jones ou A Lenda do Tesouro Perdido (2004). Ao procurar um cofre secreto do culto liderado pela família Braithwhite, eles começam a explorar as catacumbas de um museu que, logicamente, está repleta de armadilhas.

Os diálogos entre Tic, Leti e Montrose explicitam a natureza autoconsciente do episódio, com o trio usando o conhecimento de narrativas de aventura para pautar como devem prosseguir pelos testes e tribulações impostos pelo labirinto. Até mesmo a música de fundo do episódio, com um uso constante de instrumentos metálicos, remete às composições de John Williams para os filmes do Indiana Jones.