quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Crítica – Ducktales: 1ª Temporada




Análise Crítica – Ducktales: 1ª Temporada

Review – Ducktales: 1ª TemporadaEu adorava Ducktales quando era garoto. Gostava tanto da animação quanto dos quadrinhos da Disney situados em Patópolis que construía um universo ainda mais amplo que a série animada. Com o tempo, conheci o nome de Carl Barks um dos principais quadrinistas da Disney e criador deste universo de Patópolis e personagens como o Tio Patinhas, Professor Pardal e a Maga Patalógica. Então quando soube que a Disney faria uma nova versão de Ducktales que remeteria às histórias e estética de Barks, fiquei mais do que empolgado e esta primeira temporada não decepcionou.

Na trama, o Pato Donald precisa deixar Patópolis a trabalho e resolve deixar os sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho com seu tio. Os garotos não sabem, mas esse tio é ninguém menos que o Tio Patinhas, o homem mais rico da cidade. Na casa de Patinhas eles conhecem a governanta Dona Patilda, a neta dela, Patrícia, e o piloto Capitão Boing. Juntos eles passam a viver muitas aventuras enquanto que os três garotos tentam também descobrir o que aconteceu com a mãe deles, Dumbella, que desapareceu quando eles ainda eram crianças.

A temporada é centrada em “aventuras da semana” com cada episódio contando uma história com começo, meio e fim, ainda que também aponte para a trama maior dos sobrinhos desvendando o mistério de Dumbella Duck. Em paralelo, a outra trama que atravessa a temporada é a de Lena, uma nova amiga de Patrícia que é controlada por uma sombra misteriosa para roubar a Moeda Nº1 do Tio Patinhas (pra quem conhece esse universo, é óbvio que a sombra é a Maga Patalógica). Tal como a animação dos anos noventa, a série transita entre aventura, fantasia, mistério e ficção científica com muita naturalidade e isso ajuda a dar mais variedade às perigos enfrentados por eles e também um senso de imprevisibilidade pelo que virá a seguir. Tal como na série dos anos noventa, são aventuras ágeis, criativas e bem-humoradas.

Embora homenageie o passado desse universo, isso não significa que a série não olhe para o presente. Muitos personagens tem novas que os modernizam sem tirar deles sua essência. Se antes a Patrícia era reduzida a “menina” do grupo, sendo constantemente um estorvo ao raramente ter alguma habilidade que contribuísse e na maioria das vezes sendo feita de refém pelos inimigos, aqui ela é uma aventureira tão capaz quanto os três garotos, ainda que preserve sua curiosidade ingênua de antes. Do mesmo modo a Dona Patilda deixa de ser apenas a governanta com uma constante expressão exasperada diante das confusões do Tio Patinhas e passa a ser uma espécie de Alfred para o Bruce Wayne que é o Patinhas. Os três sobrinhos também tem personalidades mais distintas, como a natureza detalhista de Huguinho, sempre com seu Guia do Escoteiro Mirim à mão, ou a natureza mais relaxada e sarcástica de Luisinho.

Ao longo dos episódios também vamos conhecendo diferentes figuras que ajudam a tornar Patópolis um universo rico e habitado por figuras pitorescas, como o sortudo primo Gastão, o aspirante a herói Robopato ou o aloprado Professor Pardal, cujas invenções muitas vezes mais põem os personagens em risco do que ajudam. A série também traz personagens e eventos que referenciam outras séries de outrora da Disney, como o super-herói Darkwing Duck, que aqui parece ser um personagem ficcional, o pirata aéreo Don Carnage da série TaleSpin e há um episódio inteiro voltado a uma busca por um pergaminho com a fórmula perdida do suco de frutas Gummi usado pelos personagens de Ursinhos Gummi.

Tudo isso pode ter sido inserido como fanservice ou para plantar sementes de novas séries com esses personagens a partir do universo criado neste novo Ducktales. Seja qual for a intenção, funciona para apontar como tudo está interligado. Ao mesmo tempo, a série não se resume a uma coleção de referências e há uma jornada emocional construída para seus personagens que aos poucos aprendem a confiar uns nos outros e agir como uma família.

Talvez seja a nostalgia falando, mas durante toda essa primeira temporada de Ducktales eu tinha um enorme sorriso no rosto enquanto acompanhava os episódios, que conseguem soar simultaneamente nostálgicos e contemporâneos.

Nota: 8/10


Trailer

2 comentários:

Maria Fernanda disse...

Voce esta com nostalgia,o Duck tales de agora nao chega nem perto de ser bom que nem o antigo.

Eu Mesmo disse...

Achei sensacional! Visualmente, talvez pudessem ter deixado a cabeça das crianças redonda em vez de quadrada, mas o resto é ótimo! A letra da música-tema bem que poderia ser a mesma da original, mas isso é compensado ao vermos que o pessoal da tradução fez direitinho a pesquisa e colocou o nome de todos os personagens corretamente, até o da secretária do Tio Patinhas, a Dona Cotinha!

Minha única ressalva é que talvez diferentes pessoas tenham escrito os episódios, e resolveram dar o mesmo tratamento a diferentes personagens: o Pardal, o Asnésio e a Dona Cotinha são todos anti-sociais de olhar mortiço. Tirando isso, os roteiros são ágeis, o texto é afiado e as tramas continuadas mantêm o interesse do público. Só é chato ter que assistir fora de ordem na TV a cabo, porque eu não tenho Netflix (ou sei lá que serviço de "streaming" onde passe este desenho) e o "Disney XD" não tem nenhum respeito pela organização da série.