quarta-feira, 18 de abril de 2018

Crítica - Jantar Com Beatriz (Beatriz at Dinner)


Análise Crítica - Jantar Com Beatriz (Beatriz at Dinner)


Review - Jantar Com Beatriz (Beatriz at Dinner)
Este Jantar Com Beatriz é daqueles filmes que chega ser um pouco difícil de classificar. Por vezes soa como um drama existencialista, ponderando o impacto da intervenção humana sobre o planeta e sobre outros seres humanos. Em outros momentos parece uma comédia de costumes apoiada em um certo "humor de constrangimento" satirizando o desconforto de uma elite frívola ao ser confrontada com suas próprias contradições. A mistura poderia resultar em uma obra inconsistente, mas o diretor Miguel Arteta transita por tudo isso com bastante sensibilidade.

Beatriz (Salma Hayek) é uma massagista e "terapeuta holística" que está atendendo uma cliente rica, Kathy (Connie Britton), na área nobre de Los Angeles. Quando o carro de Beatriz quebra, sua cliente a convida para ficar para o jantar. O marido de Kathy está dando um jantar para celebrar um acordo comercial envolvendo o magnata imobiliário Doug (John Lithgow), um empresário duro e sem escrúpulos. Ao longo do jantar, a natureza bondosa de Beatriz entra em conflito com o comportamento bruto de Doug.

Fica evidente o desconforto dos convidados de Kathy em terem Beatriz por perto. Por mais que tentem demonstrar simpatia para com ela e digam repetidas vezes que ela é "como alguém da família", eles também deixam claro que a veem como alguém pertencente a uma casta diferente (e possivelmente inferior), exibindo um desconforto perceptível toda vez que Beatriz tenta sair do lugar ao qual é relegada e emite uma opinião própria que entra em desacordo com a dos seus anfitriões.
  
A principal oposição é entre Beatriz e Doug. É difícil não olhar para Doug e não pensar em Donald Trump. Embora o filme tenha sido escrito antes do empreiteiro se tornar presidente dos Estados Unidos, o empresário tem uma quantidade enorme de semelhanças com Doug: ambos empresários do ramo imobiliário, com uma postura pedante, preconceituosa e machista, ambos tem um histórico de processos e representam a faceta mais predatória e danosa do capitalismo contemporâneo. O ator John Lithgow até reproduz alguns elementos da linguagem corporal de Trump, como seu hábito de apertar os lábios um contra o outro quando vê ou ouve algo que lhe desagrada.

Enquanto Beatriz, uma imigrante mexicana que viu sua cidade natal ser devastada por resorts estadunidenses, revela todo o dano que empresários como Doug causam para o meio-ambiente e para as comunidades menos favorecidas, Doug fica na defensiva afirmando que se ele não fizer outros o farão e que ele está longe de ser o "câncer" do mundo tal como Beatriz afirma.

O embate entre eles, no entanto, nunca se torna o exame ou crítica contundente sobre o papel do capitalismo nas desigualdades sociais que os primeiros minutos dariam a entender que seria construído ao longo da trama. O diálogo nunca passa da superfície de que a estrutura financeira existe para manter os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, o texto evidencia alguns sintomas, mas não expõe completamente a doença e mesmo com a curta duração do filme, começa a soar redundante depois de algum tempo. A sensibilidade de Hayek como uma mulher que parece sentir todas as dores do mundo e está farta de ser colocada de lado, bem como o cinismo que Lithgow injeta em seu personagem evitam que a experiência se torne entediante, mas fica a impressão que o material poderia ter rendido algo melhor.

No fim das contas, Jantar Com Beatriz propõe um debate importante sobre os valores de nossa sociedade e se sustenta pelo talento de seus atores, mas decepciona ao não conseguir ir além da superfície das questões que tenta analisar.


Nota: 6/10

Trailer:

5 comentários:

Mari disse...

Gostei muito da resenha; do meu ponto de vista, abrangeu as impressões mais fundadoras do filme- como história e atuação dos protagonistas -, num texto sintético e bem escrito.
Parabéns!

Aline Albarello disse...

Gostei bastante desse filme. Gostei da fotografia, do roteiro, me senti apreensiva por algumas ações da Beatriz, mas no final do filme me decepcionei um pouco.

Rosãngela Maiolo disse...

Atriz e atores muito bons, uma história , que começou com muito sentido, decorreu entre o rico e o pobre !!! A super Moça do bem e
Super cara do mal !!! Ela altruísta , sensitiva , que se choca em nível de energia com o mal, e encontra dois caminhos mata lo ou morrer, pelo menos foi q entendi , To louca ou ela morre⁉️
Aí vem as questões
Uma pessoa
Espiritualizada não faria isso, ou faria⁉️⁉️⁉️
Por sua sensibilidade , pode ter se evidenciado que o mal dele , tb existia nela por desejar a morte dele⁉️⁉️
Essas conclusões por uma única frase q
Estava no carro dela

Todos somos um🌷

Bem questionador, uma
Questão de
Ótica

Rose disse...

Cochilei o filme não tinha nem começado acordei meio q no final e fiquei curiosa q filme era aquele vim ler algumas críticas e desistir de ver o filme em outro momento

Unknown disse...

Gostei muito do filme.